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Política
05/09/2019 10:53:00
Bolsonaro volta atrás sobre teto de gastos e diz que medida precisa ser preservada

G1/LD

Após Jair Bolsonaro sinalizar ontem (4) que queria flexibilizar o teto de gastos - ideia que estaria sendo discutida na cúpula de seu governo -, o presidente afirmou hoje que medida precisa ser preservada.

"Temos que preservar a Emenda do Teto. Devemos sim, reduzir despesas, combater fraudes e desperdícios. Ceder ao teto é abrir uma rachadura no casco do transatlântico. O Brasil vai dar certo. Parabéns a nossos ministros pelo apoio às medidas econômicas do Paulo Guedes", disse o presidente em seu perfil no Twitter.

Ontem, o presidente havia dito que a flexibilização era uma questão "de matemática" e que nem precisaria responder sobre isso.

Bolsonaro disse ainda que teria de cortar a luz de todos os quartéis do Brasil "se nada for feito".

As declarações de ontem foram dadas a jornalistas na saída do Palácio da Alvorada, antes de se dirigir a Anápolis (GO), onde participou da cerimônia de recebimento da aeronave KC-390, da Embraer, pela Força Aérea.

Um repórter perguntou: "O senhor vai apoiar alguma flexibilização do teto de gastos, como vem defendendo Casa Civil e militares?". Bolsonaro respondeu: "Para você entender. Temos o Orçamento, temos as despesas obrigatórias, estão subindo. Eu acho que daqui a dois ou três anos vai zerar as despesas discricionárias. Não é isso? Isso é questão de matemática, não precisa nem responder para você. Isso é matemática".

o fim do dia de ontem, o porta-voz da Presidência da República, Otávio do Rêgo Barros, disse que o presidente defende que a Lei do Teto de Gastos seja alterada, pois, caso isso não aconteça, a máquina pública será paralisada.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ, afirmou que é "impossível mexer" no teto de gastos.

"Temos 14% do PIB em Previdência, 13% do PIB em funcionalismo e 6% do PIB em juros. Ou seja, 33% do PIB está comprometido. Nós temos que reduzir essas despesas. É por isso que tem que manter o teto", disse Maia, segundo a Agência Câmara.

Para ele, mexer no teto significará aumento de imposto ou do endividamento público. "A solução não é mexer no teto, é mexer na indexação do Orçamento", disse o presidente da Câmara.

A política fiscal do país é acompanhada de perto pelos investidores, dado seu impacto tanto no desempenho da economia no curto prazo como na capacidade de pagamento dos juros da dívida pública (inclusive do Tesouro Direto) no longo prazo.