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Política
21/11/2017 11:49:00
Deputado-presidiário contrata na Câmara advogada de sua empresa
Celso Jacob mantém em seu gabinete, com remuneração paga com verba pública, uma funcionária que atua na consultoria do parlamentar

Veja/PCS

Celso Jacob: de dia, expediente na Câmara; à noite, dorme na Papuda (Foto: Cristiano Mariz/VEJA)

Celso Jacob, o deputado federal que todos os dias deixa a sua cela na Penitenciária da Papuda para cumprir expediente na Câmara dos Deputados, mantém em seu gabinete, com salário pago com verba pública, uma advogada de sua empresa, a Consultoria Celso Jacob (CCJ).

A advogada, Anacris Lima, sequer bate ponto na Casa. Ela atua em Três Rios, no Rio de Janeiro, base eleitoral e onde está localizada a sede da companhia do parlamentar.

A reportagem ligou duas vezes para a consultoria. Na primeira, foi informada que Anacris começava o expediente entre 9h30 e 10h. Na segunda chamada, à tarde, a secretária parlamentar atendeu à ligação e, em um primeiro momento, identificou-se como advogada da empresa.

Como secretária parlamentar, Anacris recebe, por mês, 3.150 reais de salário, além de quase 1.000 reais em auxílios, pagos por meio da verba específica a que cada parlamentar tem direito para contratar quadros exclusivos para o mandato. A advogada também realiza viagens para a capital federal com recursos custeados pela Câmara.

Ao ser questionada sobre o acúmulo de funções, a funcionária da Câmara disse que “presta serviço às vezes como advogada na consultoria”. Na sequência, ponderou que não tem vínculos empregatícios com a companhia de Jacob, negou trabalhar na empresa na qual atendeu ao telefonema e disse que atua como terceirizada dos executivos que buscam por uma solução junto à CCJ. Na função de secretária parlamentar, ela diz ter as atribuições de monitorar o Diário Oficial da União e fazer “atendimento ao público quando a população necessita”. “Eu acabei de chegar e já estava indo embora, na verdade. Eu nem estava aqui”, disse.

A consultoria de Jacob tem como finalidade auxiliar outras empresas nas áreas financeira e contábil – muito embora ele próprio tenha sido condenado a sete anos e dois meses de prisão por irregularidades administrativas (fraudou, de acordo com o Ministério Público, a licitação da construção de uma creche enquanto era prefeito de Três Rios).

O próprio site da empresa trata Anacris como advogada. Na comemoração de 30 anos da consultoria, celebrados no fim do ano passado, ela dá o seu depoimento sobre o grupo: “A gente é realmente uma família, em tudo a gente tenta realmente se ajudar, isso é uma forma de a cada dia todos nós aprendermos coisas novas”. E continua: “A Consultoria é um lugar onde temos muita oportunidade de crescimento, é um local onde há realmente amizade e carinho entre as pessoas, então eu sou muito realizada e feliz de parte da CCJ”.

Após o questionamento da reportagem, o site da consultoria saiu do ar.