Segunda-Feira, 9 de Dezembro de 2024
Meio Ambiente
17/11/2023 14:51:00
Fumaça de incêndios no Pantanal chega ao Sudeste e Sul do país e piora qualidade do ar em MS

G1MS/LD

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Há mais um mês o Pantanal arde em chamas. Com mais de 3 mil focos de calor nesta sexta-feira (17), um dos principais resíduos do fogo, a fumaça, tem se espalhado para além da região do bioma. Imagens captadas por satélites mostram o avanço da névoa para região Sul e Sudeste do país.

As imagens são do satélites do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A névoa de fumaça tem avançado principalmente para São Paulo, Paraná, Santa Catarina e no norte do Rio Grande do Sul.

O doutor em geofísica espacial e professor do Instituto de Física da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Widinei Alves Fernandes, explica que o corredores de nuvens têm facilitado a chegada da névoa em outros estados brasileiros e até em países fronteiriços, como Paraguai e Bolívia.

"O aumento de fumaça foi devido a chegada dessa pluma, em decorrência das queimadas que ocorreram no Pantanal e também na Amazônia. Isso mostra que a poluição do ar é um problema transfronteiriço, ou seja, que regiões relativamente distantes pode impactar outras regiões. Identificamos nesse momento uma condição moderada já aumentando, podendo chegar até uma concentração de ruim mais tarde", detalha o pesquisador.

Em Campo Grande, a qualidade do ar piorou nos últimos dias e a névoa dos incêndios do Pantanal se concentram de forma mais densa em Mato Grosso do Sul. Nesta sexta-feira (17), diversas cidades do estado amanheceram encobertas pela fumaça causada pelo fogo no bioma.

Qualidade do ar piora em MS

Em Campo Grande, a Estação de Monitoramento da Qualidade do Ar da UFMS confere a qualidade do ar que respiramos. Na última semana, com o aumento dos incêndios no Pantanal, o levantamento viu uma mudança drástica na situação na capital.

A situação do ar estava classificada como "boa", desde o início desta semana, a medição mudou para "moderada". O professor Widinei Alves Fernandes explica que os prognósticos futuros não são motivadores.

"A situação está se agravando. Quando entra na faixa moderada, devemos tomar outros cuidados. A última atualização feita já aponta um caminhado pior para qualidade do ar. Dentro da faixa moderada, já estamos entrando na parte mais ruim em Campo Grande", detalha o pesquisador.

O levantamento da qualidade do ar é medida apenas em Campo Grande. Entretanto, a partir da situação da capital e as imagens de satélites, o pesquisador consegue apontar uma piora no ar para boa parte do estado.

"Corumbá, provavelmente, deve estar em uma situação pior. As cidades da região do Pantanal estão com o ar mais debilitado. A redução da visibilidade em Campo Grande já existe. Praticamente o estado todo, menos a região leste. A região mais afetada é a central e do oeste do estado".

O especialista da UFMS explica que a fumaça das queimadas carregam partículas muito finas, que possuem como origem a combustão dos incêndios e até mesmo o fluxo de veículos. Diariamente, as medições com maiores concentração de partículas são pela manhã, quando se tem mais carros nas ruas de Campo Grande.

"No entanto, desde ontem, principalmente no período noturno, a concentração dessas partículas aumentou de forma significativa. Nós saímos da faixa considerada boa, que é onde é classificado através de um índice que representa uma concentração dessas partículas. O índice subiu para a condição moderada e está nas últimas horas ainda aumentando".

Cuidados com o aumento dos incêndios

Em dias com maior concentração de fumaça no ar, o uso de máscara de proteção facial é recomendado. Como as partículas de combustão são muito finas, a inalação destes pequenos resquícios do fogo só é evitada pela máscara, comenta o especialista.

Além do uso de máscara, o professor Widinei dá outras recomendações:

Reduza as práticas de atividades físicas;

Consuma bastante água;

Umidifique o ar;

Redobre o cuidado com idosos e crianças;

Não se exponha ao sol sem necessidade.

Incêndios no Pantanal

O fogo já consumiu mais de 1 milhão de hectares do Pantanal neste ano, o triplo do que foi registrado em 2022, conforme dados do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa/UFRJ).

Somente nos primeiros 15 dias de novembro foram 3.024 focos, o pior registro para o mês na série histórica desde 2002, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Na última terça-feira (14), os governos de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul decretaram ambiental devido aos incêndios que avançam.

O Pantanal abriga uma diversidade única, incluindo várias espécies ameaçadas, ao todo são:

3,5 mil espécies de plantas;

325 espécies de peixes;

53 espécies de anfíbios;

98 espécies de répteis;

656 espécies de aves;

159 tipos de mamíferos.

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