Sexta-Feira, 26 de Abril de 2024
Meio Ambiente
17/11/2019 08:00:00
Parque Estadual do Rio Negro tem 31º da sua área atingida pelo fogo

CE/PCS

Imprimir
Queimadas foram um problema para o Pantanal nessa primavera (Foto: Divulgação / Corpo de Bombeiros)

Parque Estadual do Rio Negro, que abrange os municípios de Corumbá, Miranda e Aquidauana, teve cerca de 31% de área atingida pelo fogo das queimadas. O incêndio durou cerca de 13 dias - entre o fim de outubro e começo de novembro - e devido ao estado de gravidade o Governo de Mato Grosso do Sul deflagrou a Operação Pantanal II.

A área de atuação da equipe do Corpo de Bombeiros na operação foi de 572,2 mil hectares desta região, segundo o Mapa Operativo da ação. Deste número, mais de 180,4 mil hectares foram atingidos pelo fogo - área equivalente a 262 campos de futebol de 7,1 metros quadrados.

Porém, 68% desta área dentro do Parque Estadual permaneceu preservada após esta tragédia ambiental. Na quinta-feira (14), o trabalho de rescaldo na área foi encerrado. “Ressurgiu em alguns pontos o incêndio, no Parque Estadual do Rio Negro, mas foi combatido e extinto. Ontem [sexta-feira], em razão da grande quantidade de chuva no local e a não reincidência de novos focos, foi encerrada a operação”, contou ao Correio do Estado o tenente-coronel Fernando Carminati.

Trabalho de combate ao fogo exigiu o empenho de cerca de 300 pessoas das unidades do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Distrito Federal, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal, do Exército e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), além de funcionários das fazendas.

CONSEQUÊNCIAS

Os prejuízos para a vegetação e os animais ainda são incalculáveis e o futuro dessa área é incerto, segundo pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Pantanal. “Os reflexos dessa situação são difíceis de prever, talvez até impossíveis, dada a extensão das áreas afetadas e a falta de levantamentos do que foi perdido”, garante a instituição, em resposta enviada ao Correio do Estado.

Em uma análise prévia dos pesquisadores, a vegetação pode se recuperar, mas em alguns casos ocorrerão transformações em sua estrutura. “Várias espécies de plantas que ocorrem no Pantanal são oriundas do Cerrado e apresentam características adaptativas ao fogo (troncos com casca mais grossa e capacidade de rebrota), pois queimadas naturais, em consequências de raios, tendem a ocorrer durante a estação chuvosa. Assim, essas áreas queimadas devem se recuperar, mas as queimadas que ocorrem durante o período seco, geralmente mais intensas, podem resultar em alterações na estrutura e na composição das espécies, principalmente nas matas onde as árvores são mais susceptíveis ao efeito do fogo”, avaliaram.

Já para a fauna, esta queimada terá reflexos catastróficos. Insetos e animais com baixa capacidade de locomoção podem ter sido extintos ou deixados à beira da extinção na área afetada pelo fogo. Porém, os especialistas indicam que isso não significa que essas espécies foram extintas do Pantanal, já que a maior parte do bioma foi mantido intacta. “É de se esperar que leve um longo tempo para que a recolonização dessas áreas ocorra e tudo volte ao que era antes. No entanto, é improvável que isso ocorra rapidamente, apesar de a vegetação poder brotar viçosa após o período de chuvas”, responderam. É estimado que cerca de 21% do Pantanal tenha sido devastado neste ano por conta das queimadas.

COMENTÁRIO(S)
Últimas notícias