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13/01/2018 08:28:00
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G1/LD

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A Colônia Agrícola do Regime Semiaberto de Aparecida de Goiânia, local onde duas rebeliões com 9 mortos ocorreram este ano, recebe este nome porque, há dez anos, oferecia aos presos atividades de trabalho agrícola e oficinas. Diante da falta de oportunidades de reeducação, o Ministério Público Estadual de Goiás (MP-GO) pediu mais projetos para fazer com que mais presos trabalhassem.

De acordo com o promotor de Justiça Marcelo Celestino, o pedido foi feito há um ano, mas até então nada foi feito neste sentido por parte da administração dos presídios. “A colônia agrícola foi sendo desativada em decorrência da falta de gestão administrativa, de recursos públicos que deveriam ser aplicados”, afirmou.

A recém-criada Direção Geral de Administração Penitenciária (DGAP) informou à TV Anhanguera que vai se inteirar das propostas do MP-GO e, se for o caso, implementá-las o mais breve possível.

A Colônia Agrícola do Regime Semiaberto, que faz parte do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, teve duas rebeliões na última semana. A primeira, no último dia 1º, resultou na morte de nove detentos, deixou 14 feridos e levou à fuga de mais de 200 presos. A segunda rebelião do ano em Goiás, que ocorreu na mesma unidade, deixou um foragido. Dentre esses, 71 ainda não haviam sido recapturados.

A terceira rebelião deste ano ocorreu na Penitenciária Coronel Odenir Guimarães (POG), do regime fechado, também localizada no Complexo, mas não levou a nenhuma fuga.

Segundo o órgão, dos cerca de 1200 presos que cumprem pena no regime semiaberto de Aparecida de Goiânia, 450 trabalham fora, em órgãos públicos e empresas, e apenas 60 fazem algum tipo de trabalho dentro do Complexo Prisional da cidade. Nos presídios de todo o estado, apenas 20% dos detentos fazem algum tipo de trabalho.

Atualmente a realidade na Colônia Agrícola é diferente vivida entre o início dos anos 1980 e 2007, quando o trabalho dos detentos do semiaberto era destaque nos principais veículos de comunicação do país. Em 2007 a TV Anhanguera acompanhou a rotina dos presos, com a criação de gado e porcos, fábrica de bolas, móveis e tijolos. Havia, inclusive, uma grande plantação, e, diariamente, os presos trabalhavam no local.

No entanto, onde antes havia uma grande lavoura, atualmente há apenas mato, sem qualquer tipo de atividade para os presos. O curral está abandonado e poucos presos ajudam na manutenção do prédio. Testemunhas do recomeço

Se por um lado a maioria dos presos do regime semiaberto não trabalha dentro ou fora da unidade, em Aparecida de Goiânia, o detento Fábio Augusto de Oliveira, preso por assalto que cumpre pena há dez anos, trabalha fora e diz que quer fazer da oportunidade um recomeço para a vida dele.

A cada três dias de trabalho como eletricista, é um dia a menos na pena. Ele recebe um salário mínimo e tem a certeza de que está saindo do presídio melhor do que quando entrou.

“Eu espero no futuro cumprir minha pena para eu poder novamente regressar para a sociedade e ter a oportunidade de alguém para que eu possa continuar minha vida”, disse.

O chefe dele é Adriano Barra, que de 15 operários, dá a oportunidade para 6 presidiários. Ele afirma que quem vem do regime semiaberto cumpre com responsabilidade o trabalho nas obras.

“O pessoal mais interessado no aprendizado e na execução das tarefas são propriamente os reeducandos. É o pessoal que eu tenho mais praticidade de trabalhar, os que menos faltam”, afirmou.

Depois da pena também há testemunhos de recomeço, como o de José Neuzino Teles. Ele anda atualmente pelos corredores do Tribunal de Justiça de Goiás, depois de cumprir doze anos de pena por tentativa de homicídio e tráfico de trogas. Pagou tudo que devia e aprendeu uma profissão: eletricista. Agora está de volta ao local onde foi condenado, mas para trabalhar na reforma do prédio e de cabeça erguida.

“Estou muito feliz, demais da conta e é só sucesso, é só trabalhar tranquilo e não olhar para trás. Erros todos nós cometemos, a gente não pode é continuar no erro", afirma.

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