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27/05/2017 09:27:00
Caso Sean: avó que lutou pela guarda não vê menino há 8 anos

G1/LD

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Era véspera do Natal de 2009, mas, na casa da chef Silvana Bianchi, que durante anos comandou o restaurante Quadrifoglio, no Jardim Botânico, não havia o que festejar. Naquele dia ela foi obrigada pela Justiça brasileira a entregar o neto, Sean, de 9 anos, ao pai dele, o americano David Goldman, que disputava a guarda da criança com a família desde que a mãe do garoto, Bruna, morrera no parto da filha que teve em seu segundo casamento.

As imagens de Sean assustado, vestido com uma camiseta com as cores do Brasil, sendo levado, cabisbaixo, ao Consulado dos Estados Unidos, no Centro, em meio a uma multidão de jornalistas e curiosos, correram o mundo. E ficaram na memória de Silvana não apenas como o registro de uma derrota. O dia 24 de dezembro foi também o último em que ela viu o neto, hoje um adolescente de 17 anos, completados nesta quinta-feira.

A mulher que lutou com unhas e dentes para manter o neto no Brasil mudou. Depois de tentar diversas vezes visitar Sean em Nova Jersey, onde ele vive com David, Silvana se deixou tomar pelas lágrimas. Hoje, vive resignada com a situação.

Desisti faz tempo (de brigar pela guarda). Já não faz mais sentido. Hoje Sean já é um adulto, sabe o que é melhor para ele. O tempo vai se encarregar de resolver as coisas. É um assunto que quero deixar adormecido, porque é muito doloroso - disse ela nesta sexta-feira, depois de uma nova decisão da Justiça trazer o caso novamente à tona.

Na última quarta-feira, a 3ª Câmara Criminal do Rio condenou os médicos Nadir Farah e Izabel de Araújo Nogueira, responsáveis pelo parto que resultou na morte de Bruna, a uma pena de detenção de 2 anos e 2 meses, convertida no pagamento de uma indenização aos familiares de Bruna no valor de 133 salários mínimos - cerca de R$ 125 mil. A informação foi divulgada nesta sexta-feira na coluna de Ancelmo Gois no GLOBO.

Os médicos Eduardo Farah e Sérgio de Oliveira Monteiro, que também participaram da cirurgia e respondiam ao processo, tiveram a condenação do crime prescrita por unanimidade pelos desembargadores. Os advogados Ary Bergher, Raphael Mattos e Marcello Ramalho, que defendem Nadir e Eduardo, pai e filho, respectivamente, disseram que vão recorrer da decisão em instâncias superiores.

Bruna morreu em 2008, após o parto da filha que teve com o advogado João Paulo Lins e Silva, seu segundo marido. Ela foi casada com David Goldman, de quem se separou de forma conturbada. Em junho de 2004, Bruna veio com Sean visitar a família no Rio de Janeiro. Inicialmente, ela passaria um mês na cidade, mas, ao desembarcar, pediu o divórcio a David, que estava nos Estados Unidos, onde o casal vivia.

Ela conseguiu a guarda definitiva da criança e a separação unilateral de David na Justiça brasileira, mas, após sua morte, uma nova briga por Sean voltou a acontecer. Ao longo de um ano, os avôs maternos e o pai do menino se enfrentaram na Justiça pela guarda do garoto. David ganhou a queda de braço quando o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou a volta de Sean para os Estados Unidos.

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