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01/04/2020 10:33:00
Catalunha aconselha reduzir tratamentos dos maiores de 80 anos

LUSA/PCS

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Os serviços médicos da Catalunha aconselham que, se houver um colapso das unidades de cuidados intensivos na região, se deve "limitar o esforço terapêutico com os pacientes com mais de 80 anos" e dar prioridade aos mais novos.

Um documento interno do Sistema de Emergência Médico (SEM) catalão, que depende do Departamento de Saúde do Governo regional, aconselha a "limitar o esforço terapêutico com os pacientes com mais de 80 anos de idade, dando prioridade àqueles que mais podem beneficiar, em termos de anos de vida ou da máxima possibilidade de sobrevivência".

O documento entregue aos profissionais de saúde do SEM em 25 de março último recomenda que os maiores de 80 anos não sejam entubados e que o tratamento lhes seja feito com uma máscara de oxigênio, acrescentando que, se estes não melhorarem, a morfina pode ser escolhida para aliviar a sensação de falta de ar.

O diretor médico do SEM, Dr. Xavier Giménez, explicou à agência Efe que estas recomendações não são instruções e foram tomadas com base científica e em critérios éticos.

Giménez reconheceu que as unidades de cuidados intensivos dos hospitais da Catalunha estão cheias de pessoas de entre 40 e 70 anos, daí a decisão de aceitar pessoas fora desses centros, como em salas de desporto e hotéis para pacientes menos graves.

Quanto aos maiores de 80 anos, o documento SEM indica que esses pacientes receberão "apenas oxigenoterapia com máscara de alta concentração" e que, se não melhorarem em 15 minutos, "pode ser tomado em consideração o tratamento de conforto (morfina) para aliviar a sensação de dispneia".

Os pacientes com idades entre 75 e 80 anos receberão o mesmo tratamento, embora a respiração assistida seja considerada a primeira opção, enquanto os menores de 75 anos serão tratados com uma máscara de oxigênio, mas, se não melhorarem, ser-lhes-á colocado um respirador.

"Quando se observa que as medidas terapêuticas são fúteis, o paciente pode ser levado para casa, desde que o seu acompanhamento e os cuidados paliativos possam ser assegurados pela rede de cuidados primários. Caso contrário, recomenda-se que o paciente seja transferido" para um centro de saúde, em vez de uma urgência hospitalar, indica o texto do SEM catalão.

Estas recomendações dão instruções para que o pessoal sanitário não faça referências a que "não há camas para todos" para negar a utilização de camas nas unidades de cuidados intensivos aos familiares dos idosos.

Esta política é apoiada pelo Conselho das Associações Médicas da Catalunha, que também enviou um documento a alguns dos seus membros no qual se faz referência aos idosos internados em lares e se diz que os que se encontram numa situação de fim de vida devem considerar o tratamento no mesmo local, sem transferência para um hospital.

Por seu lado, o Observatório de Bioética da Universidade de Barcelona afirma num documento da sua autoria que, "em relação à idade, o suporte respiratório máximo sob outras formas além de ventilação mecânica com entubação e oxigenoterapia de alto fluxo deve ser considerado para pacientes acima de 80 anos de idade com comorbidades" (mais de uma doença de base).

"Os pacientes entre 70 e 80 anos sem comorbidades significativas ou com comorbidades podem ser candidatos à ventilação mecânica", diz o Observatório, que considera que, "idealmente, as decisões devem ser tomadas por um comitê de triagem hospitalar", um processo de triagem que agora foi aceite pelo Sem, que decide, com estas recomendações, quem vai ou não a um hospital.

Em Espanha, os serviços de saúde estão descentralizados pelas suas 17 comunidades autônomas, mas neste momento à uma responsabilidade maior do Governo central devido ao "estado de emergência" decretado a partir de 14 de março último.

O país é um dos mais afetados pela pandemia covid-19, sendo a região de Madrid a mais atingida, com 29.840 infectados e 3.865 mortos, seguida pela da Catalunha (19.991 e 1.849).

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infectou perto de 866 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 43 mil.

Dos casos de infecção, pelo menos 172.500 são considerados curados.

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