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16/06/2017 17:48:00
Donald Trump anuncia revisão do acordo de Obama com Cuba

G1/LD

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta sexta-feira (16) que "cancelará" o acordo de reaproximação entre Washington e Havana feito por Barack Obama em 2014. No entanto, algumas das medidas implementadas pela administração anterior devem ser mantidas. O presidente não explicou exatamente as mudanças em sua fala, mas funcionários do governo deram alguns detalhes.

"Estou cancelando o acordo completamente unilateral da última administração [Obama] assinado com Cuba", afirmou Trump num comício realizado em Little Havana, na cidade de Miami, tradicional polo de exilados cubanos nos Estados Unidos.

Trump anunciou que reforçará o embargo contra a ilha e que seu governo adotará novas restrições a viagens de americanos para Cuba e a proibição para empresas norte-americanas de fazer negócios com empresas cubanas controladas pelas Forças Armadas do país latino-americano. O presidente denunciou o que chamou de "natureza brutal" do regime de Raúl Castro em Cuba. "Em breve alcançaremos uma Cuba livre", afirmou o presidente.

O que Trump pretende mudar em relação a Cuba:

-haverá maiores restrições para viagens de americanos a Cuba -haverá mais restrições para fazer negócios com empresas controladas pelas forças armadas cubanas

O que Obama implementou e Trump não deve mudar, segundo fontes da Casa Branca:

-os EUA manterão sua embaixada em Havana -a operação das companhias aéreas e navais americanas em Cuba permanece

Local simbólico

Em seu discurso, realizado no Manuel Artime Theater, que leva o nome de uma das brigadas da fracassada invasão da Baía dos Porcos, em 1961, Trump explicou como pretende rever a política de normalização relações com a ilha iniciada por seu antecessor.

Acompanhado pelo vice-presidente Mike Pence, por vários membros de seu gabinete, pelo governador da Flórida, Rick Scott, por congressistas de origem cubana como Marco Rubio, Mario Diaz Balart e Carlos Curbelo e representantes da comunidade de exilados cubanos, Trump disse que os dissidentes José Daniel Ferrer e Berta Soler, que não foram autorizados a viajar para Miami, "estão aqui com a gente."

“Quando os cubanos realizarem medidas concretas, estaremos prontos, dispostos e capazes de voltar à mesa de negociação do acordo, que será muito melhor "

“Negociaremos um acordo melhor [com Cuba]”, anunciou Trump, salientando, todavia, que isso será possível somente no caso de que ocorram avanços democráticos “concretos”, a realização de “eleições livres” e a “libertação de prisioneiros políticos”.

“Quando os cubanos realizarem medidas concretas, estaremos prontos, dispostos e capazes de voltar à mesa de negociação do acordo, que será muito melhor ", disse Trump.

“É importante que haja liberdade em Cuba e na Venezuela”, declarou o mandatário, salientando como Cuba sofre há "décadas" por causa do regime de Castro, algo que, segundo Trump, não deve se repetir na Venezuela.

"A nossa embaixada permanece aberta com a esperança que os nossos países possam forjar um caminho muito melhor", acrescentou Trump, que não tomou nenhuma medida para rebaixar o nível de relações diplomáticas com a ilha.

'Ideologia depravada' em Cuba, diz Trump

Trump agradeceu a comunidade de exilados cubanos por ser a "voz dos sem voz" e disse que eles fazem a diferença na luta para parar a perseguição do regime contra os dissidentes e para acabar com a "ideologia depravada" que existe em Cuba. Neste sentido, o republicano disse saber o que está acontecendo na ilha e lembra do que aconteceu ali, o que o leva a mudar a sua política em relação à ilha.

Fontes da Casa Branca informaram à agência EFE que permanecerão ativas as relações diplomáticas e os acordos que permitem às companhias aéreas e de navegação dos EUA de aterrissar e atracar na ilha. Ao contrário, será interrompido o fluxo de dinheiro destinado aos serviços de segurança da ilha, acusados de aumentar a repressão.

O que surpreendeu do discurso do Trump foi a declaração que o governo americano continuará a proteger os chamados "sonhadores", imigrantes cubanos sem documentos que chegaram nos EUA quando eram crianças. Criado pela administração Obama em 2012, o programa tem como objetivo evitar a repatriação forçada dessas pessoas e proporcionar-lhes uma autorização de trabalho. O Departamento de Justiça dos EUA anunciou que o programa permanecerá em vigor.

O México reitera apoio a Cuba

O ministro das relações exteriores do México, Luis Videgaray Caso, reiterou sua amizade e solidariedade com o povo cubano, e o desejo de trabalhar com o governo cubano em muitas áreas de interesses comuns. Segundo o chanceler mexicano, o governo de Cuba e os Estados Unidos devem achar pontos em comum e resolver suas divergências através do diálogo.

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