Sexta-Feira, 26 de Abril de 2024
Mundo
30/04/2019 11:34:00
Em reação à oposição, Maduro diz que tem lealdade de militares e convoca mobilização popular
Juan Guaidó pediu que população saia às ruas contra regime e também declarou ter apoio de militares para pôr 'fim à usurpação' na Venezuela.

G1/PCS

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Pessoas reagem a bombas de gás lacrimogêneo atiradas perto da Base Aérea 'La Carlota' Generalísimo Francisco de Miranda, em Caracas, na Venezuela (Foto: Carlos Garcia Rawlins/Reuters )

O presidente venezuelano Nicolás Maduro fez em rede social sua primeira manifestação sobre a mobilização liderada pelo presidente autoproclamado Juan Guaidó para derrubá-lo, iniciada na manhã desta terça-feira (30). Maduro disse ter a lealdade de militares e convocou uma mobilização social. Em Caracas, manifestantes entram em confronto com as forças de segurança.

O que aconteceu até agora

Presidente autoproclamado Juan Guaidó convoca população às ruas e diz ter apoio de militares

Presidente Nicolás Maduro afirma que conversou com todos os comandantes das chamadas Redi (Regiões de Defesa Integral) e Zodi (Zona de Defesa Integral), que, segundo ele, manifestaram "total lealdade ao povo, à Constituição e à pátria"

Líder da oposição Leopoldo López, que estava em prisão domiciliar após decisão sob o regime de Maduro, é liberado e vai às ruas ao lado de Guaidó

Diosdado Cabello, que comanda a Assembleia Constituinte pró-Maduro, convoca apoiadores do governo a se dirigirem para o Palácio presidencial de Miraflores

Policiais disparam bombas de gás contra manifestantes em Caracas. Segundo TV estatal, eles tentam dispersar "golpistas"

Ministro brasileiro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, afirma que o Brasil espera que militares venezuelanos apoiem a "transição democrática" no país vizinho

Secretário de estado dos EUA, Mike Pompeo, diz que governo norte-americano "apoia plenamente o povo venezuelano em sua busca por liberdade e democracia"

Juan Guaidó cumprimenta um militar perto de uma base aérea em Caracas (Foto: Carlos Garcia Rawlins/Reuters )

Mais cedo, Guaidó convocou a população às ruas e declarou ter apoio de militares para pôr fim ao que ele chama de "usurpação" na Venezuela.

Autoridades do governo falaram em tentativa de golpe de estado e convocaram apoiadores a se manifestar a favor de Nicolás Maduro. Houve disparo de bombas de gás nas ruas da capital, Caracas.

Guaidó afirmou em post em rede social que se encontra com as principais unidades militares das Forças Armadas e que deu início à fase final da chamada "Operação Liberdade" (leia mais abaixo).

Em entrevista coletiva nesta manhã, o ministro brasileiro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, afirmou que o Brasil espera que militares venezuelanos apoiem a "transição democrática" no país vizinho. Segundo Araújo, o Brasil ainda está reunindo informações sobre o que está ocorrendo no país vizinho nesta terça.

Nesta tarde, o presidente Jair Bolsonaro fará uma audiência de emergência para discutir a situação da Venezuela com o vice-presidente Hamilton Mourão e os ministros Fernando Azevedo e Silva (Defesa) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), além de Araújo.

Outras reações do governo de Maduro

Antes da manifestação de Maduro, o ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino, já havia afirmado que as Forças Armadas seguirão firmes "na defesa da Constituição nacional e das autoridades legítimas" e que os quartéis reportam normalidade nas bases.

O ministro da Comunicação, Jorge Rodríguez, afirmou que um "grupo reduzido" de militares "traidores" se posicionou para "promover um golpe de estado", mas que estavam sendo "enfrentados" e "desativados".

O procurador-geral venezuelano, Tarek William Saab, alertou que o Ministério Público está juntando provas contra os "reincidentes nesta tentativa de atividade conspiratória à margem da legalidade".

Estados Unidos

O secretário de estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, afirmou, também por meio de rede social, que o governo norte-americano "apoia plenamente o povo venezuelano em sua busca por liberdade e democracia". "A democracia não pode ser derrotada", diz o post.

Ações da oposição

Em um vídeo postado em rede social, Guaidó aparece ao lado de Leopoldo López, um outro opositor, que cumpria prisão domiciliar imposta sob o regime de Maduro. Segundo Guaidó, o governo autoproclamado [de oposição a Maduro] libertou López, que seguiu para as ruas.

*"Este é o momento, a convenção é mundial, acabem com a usurpação, todos saiam às ruas", afirmou López.*

Inicialmente, Guaidó e outros oposicionistas se concentraram perto da base aérea militar conhecida como La Carlota. A base fica na região leste de Caracas, a cerca de 13 quilômetros do Palácio Miraflores, sede do governo. Em 2002, o local foi declarado zona de segurança militar. Os voos para lá estão proibidos desde 2014, de acordo com o jornal colombiano “El Mundo”.

Ainda nesta manhã, foram registrados conflitos na capital venezuelana, Caracas, em que houve disparo de bombas de gás. De acordo com a rede de televisão estatal Telesur, policiais tentaram dispersar com gás lacrimogêneo aqueles considerados "golpistas".

Crise na Venezuela

A tentativa de derrubar o regime de Nicolás Maduro é o mais recente capítulo na profunda crise política da Venezuela. Há mais de 15 anos, a Venezuela enfrenta uma crescente crise política, econômica e social.

O país vive agora um colapso econômico e humanitário, com inflação acima de 1.000.000% e milhares de venezuelanos fugindo para outras partes da América Latina e do mundo.

Neste mês, diversas interrupções no fornecimento de energia e água ameaçaram uma catástrofe sanitária. A ONG norte-americana Human Rights Watch disse que a saúde do país está sob "emergência humanitária complexa".

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