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01/05/2019 09:50:00
Guaidó convoca novas manifestações contra Maduro
Na terça-feira, oposicionista mobilizou protesto para tentar derrubar governo chavista, e houve confronto com forças de segurança.

G1/PCS

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Homem fotografa nesta quarta-feira (1º) um ônibus queimado no dia anterior em Caracas (Foto: AFP/Matias Delacroix )

O autoproclamado presidente interino Juan Guaidó postou logo cedo nesta quarta-feira (1º) uma mensagem no Twitter instando os opositores de Nicolás Maduro a saírem às ruas novamente na Venezuela no Dia do Trabalhador. "Seguimos com mais força que nunca", diz.

ENTENDA: a crise na Venezuela

A tentativa de novas mobilizações vem na sequência de um dia de distúrbios na Venezuela, em especial na capital Caracas, onde Guaidó tentou liderar um levante militar (leia mais ao final da reportagem).

Apoiadores de Maduro também já começam a se mobilizar. Um grupo fez vigília diante do palácio presidencial de Miraflores. A milícia bolivariana, formada por ex-militares e civis treinados para defender a revolução chavista também estava postada perto da sede do governo, conforme indicam fotos da agência AFP.

Integrantes da milícia bolivariana desfilam diante do Palácio Presidencial de Miraflores nesta quarta-feira (1º), em apoio o governo de Nicolás Maduro (Foto: AFP/Yuri Cortez)

Na terça-feira (1º), o presidente autoproclamado apareceu com outro líder oposicionista, Leopoldo López, que estava em prisão domiciliar, e um grupo de soldados desertores, perto da base aérea La Carlota, considerada estratégica para a Venezuela, nas primeiras horas da manhã.

O líder oposicionista afirmava que conquistou o apoio dos militares venezuelanos, o que o regime chavista rechaçou. Houve confronto, e dezenas de pessoas ficaram feridas - a imprensa local cita 57.

A ONG Provea afirma, ainda, que um homem de 24 anos, identificado como Samuel Enrique Méndez, morreu na terça-feira durante protestos ocorridos no estado de Aragua.

A informação não foi confirmada por fontes oficiais, mas um deputado oposicionista postou em rede social um vídeo que mostra um grupo de jovens andando por uma rua carregando o corpo que seria de Samuel, cantando o hino nacional venezuelano.

Maduro diz que militares pró-Guaidó foram pagos

No fim do dia, Maduro afirmou que os militares que apoiaram Guaidó foram pagos pela oposição. O chavista ainda negou que tenha perdido respaldo das Forças Armadas e o controle da base de La Carlota.

*"La Carlota nunca foi tomada. Ela esteve e continuará sob alerta total", declarou Maduro.*

López acabou se abrigando na residência da missão diplomática do Chile em Caracas, acompanhado por sua mulher e uma filha do casal. À noite mudou-se para a Embaixada da Espanha.

Rússia reage a acusação americana

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia rejeitou nesta quarta a alegação de Washington de que Moscou havia convencido Maduro a não fugir diante dos protestos.

O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, disse numa entrevista na terça-feira que o presidente venezuelano estava preparado para deixar o país, mas cancelou seu plano depois da intervenção da Rússia.

Quando solicitada a comentar os comentários de Pompeo, Maria Zakharova, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, disse à agência Reuters que eles faziam parte de uma "guerra de informação".

O Kremlin já havia acusado os Estados Unidos de tentarem fomentar um golpe na Venezuela, um aliado próximo da Rússia, e de tentar desmoralizar o exército espalhando notícias falsas.

Pompeo voltou a falar sobre a Venezuela nesta quarta. Ele afirmou que os EUA estavam preparados para tomar medidas militares para conter a turbulência em curso no país.

*“A ação militar é possível. Se isso é o que é necessário, é isso que os Estados Unidos farão ”, disse Pompeo em uma entrevista à Fox Business Network, mas acrescentou que os Estados Unidos prefeririam uma transição pacífica de poder.*

O que aconteceu na terça-feira

Na terça-feira, o presidente autoproclamado Juan Guaidó convocou população às ruas e disse ter apoio de militares.

Presidente Nicolás Maduro afirmou ter conversado com todos os comandantes das chamadas Redi (Regiões de Defesa Integral) e Zodi (Zona de Defesa Integral), que, segundo ele, manifestaram "total lealdade ao povo, à Constituição e à pátria". Horas depois, já à noite, Maduro disse que militares pró-Guaidó foram pagos pela oposição.

Líder da oposição Leopoldo López, que estava em prisão domiciliar após decisão sob o regime de Maduro, circulou pelas ruas de Caracas ao lado de Guaidó. Mais tarde, López foi para a Embaixada da Espanha, depois de ter passado pela missão diplomática do Chile.

Diosdado Cabello, que comanda a Assembleia Constituinte pró-Maduro, convocou apoiadores do governo a se dirigir para o Palácio presidencial de Miraflores.

Policiais dispararam bombas de gás contra manifestantes em Caracas. Segundo TV estatal, eles tentaram dispersar "golpistas". Carros blindados da polícia chegaram a atropelar manifestantes e mais de 50 pessoas ficaram feridas, segundo a imprensa local.

25 militares venezuelanos, nenhum de alta patente, pediram asilo na embaixada brasileira em Caracas.

O presidente americano, Donald Trump, postou em rede social mensagem na qual diz acompanhar de perto a situação e que "os Estados Unidos apoiam o povo da Venezuela e a sua liberdade".

O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, disse que Maduro estava preparado para deixar o país, mas reverteu seu plano depois da intervenção da Rússia.

O Ministério das Relações Exteriores russo negou a alegação de Washington sobre a hipótese de fuga de Maduro.

O embaixador venezuelano em Washington nomeado por Juan Guaidó, Carlos Vecchio, disse que os EUA não tiveram nenhum papel na coordenação do movimento desta terça.

O embaixador venezuelano na ONU, Samuel Moncada, disse que o governo Maduro derrotou "tentativa de criar guerra civil".

Cuba, Bolívia e Rússia criticaram a ação de Guaidó.

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