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27/08/2023 10:56:00
Morte de Yevgeny Prigozhin confirmada por investigadores russos
O Comitê de Investigação da Rússia confirma a lista de 10 pessoas nomeadas pelo Conselho de Aviação russo que estavam a bordo do jato acidentado.

Sky News/PCS

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A morte do líder do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, foi confirmada após exames genéticos, informou este domingo o Comitê de Investigação da Rússia.

"Como parte da investigação criminal da queda do avião na região de Tver, foram concluídos exames genéticos moleculares. De acordo com os resultados, foram apuradas as identidades de todos os 10 mortos, que correspondem à lista constante da ficha de voo", diz um comunicado citado pela Sky News.

As autoridades russas revelaram ainda a lista das 10 pessoas confirmadas como mortas na sequência da queda do avião, entre os quais está o nome do chefe do Grupo Wagner.

Sergei Propustin, Evgeny Makaryan, Aleksandr Totmin, Valeriy Chekalov, Dmitry Utkin, Nikolai Matuseev, comandante Aleksei Levshin, o copiloto Rustam Karimov e a comissária de bordo Kristina Raspopova são as restantes vítimas mortais.

Contudo, os investigadores não se pronunciaram sobre eventuais causas da queda do avião.

O jato particular que transportava Prigozhin e a sua guarda caiu no final da tarde de quarta-feira (23), na região de Tver, a noroeste de Moscou, levantando imediatamente suspeitas de um assassinato orquestrado pelo poder russo.

Em Washington, Paris, Berlim ou Kyiv, altos funcionários deram a entender que as suas suspeitas recaíam diretamente sobre o Kremlin.

Por seu lado, o Kremlin negou ter ordenado o assassinato de Prigozhin, qualificando estas insinuações como "especulação".

O presidente russo, Vladimir Putin, enviou na quinta-feira uma mensagem de condolências à família de Prigozhin, em que afirmou que o antigo aliado era "um homem talentoso que cometeu alguns erros".

Prigozhin, 62 anos, antigo cozinheiro e aliado de Putin, revoltou-se no final de junho contra o ministro da Defesa, Serguei Shoigu, e as chefias militares, que acusou de não lhe fornecerem armas suficientes e de atacarem os efetivos do Grupo Wagner.

Durante a breve rebelião, Prigozhin ocupou o comando militar russo na cidade de Rostov-on-Don, sudoeste da Rússia, e mandou avançar uma coluna de mercenários para Moscou.

A coluna voltou para trás quando estava a 200 quilômetros da capital russa após um acordo mediado pela Bielorrússia.

Pelo caminho, os mercenários envolveram-se em confrontos com as forças de segurança, abatendo meia dúzia de helicópteros, de que resultou na morte de cerca de duas dezenas de elementos das forças de Moscou.

Quem era Prigozhin?

De empresário da restauração a fundador do exército privado de Putin

Recorde-se que Yevgeny Prigozhin é um dos alvos de sanções impostas a oligarcas russos na sequência da invasão da Ucrânia. E, apesar de Prigozhin admitir a criação da organização em 2014, acredita-se que a origem do Grupo Wagner remonta a 2007 e terá também a mão de um ex-oficial do exército russo, Dmitriy Valeryevich Utkin.

É por volta dessa altura que surgiram também relatos de soldados ucranianos que se cruzaram com homens fardados, mas sem símbolos e que falavam russo. Mais tarde surgem novamente na Síria. Mas a sua ação estende-se por diversos continentes. O grupo é suspeito de realizar o "trabalho sujo" do Kremlin em vários teatros de operações e é por isso que muitos tratam a organização mercenária como um exército privado de Vladimir Putin.

Mesmo antes da invasão da Ucrânia, já haveria registo de muitos mercenários retirados de África, para rumarem a um novo destino. Segundo o jornal de The Times, a nova missão era "decapitar o governo de Zelensky em troca de um bónus financeiro".

E já em dezembro de 2021 o Conselho Europeu impôs medidas restritivas contra o grupo e a descrição feita do mesmo é reveladora: "O Grupo Wagner recrutou, formou e enviou operacionais militares privados para zonas de conflito em todo o mundo, a fim de alimentar a violência, saquear recursos naturais e intimidar civis em violação do direito internacional, incluindo o direito internacional dos direitos humanos".

"As pessoas incluídas na lista da UE estão envolvidas em graves violações dos direitos humanos, nomeadamente tortura e execuções extrajudiciais, sumárias ou arbitrárias, ou em atividades desestabilizadoras em alguns dos países em que operam, como a Líbia, a Síria, a Ucrânia (Donbass) e a República Centro-Africana. O grupo está também a estender a sua influência nefasta a outros locais, a saber, à região do Sael. Por estes motivos, o grupo constitui uma ameaça para as populações dos países onde estão presentes, para toda a região e para a União Europeia", lê-se no comunicado divulgado na altura. As suspeitas de interferência na eleição de Trump

Prigozhin também é suspeito de envolvimento em operações de desinformação através das redes sociais, incluindo para favorecer a eleição de Donald Trump nas presidenciais de 2016.

Por essa razão, figura na lista de pessoas procuradas pelo FBI, a agência federal de investigação do Departamento de Justiça dos Estados Unidos.

"Prigozhin foi o principal financiador da Agência de Investigação na Internet (IRA) com sede em São Petersburgo. Ele supostamente supervisionou e aprovou as suas operações de interferência política e eleitoral nos Estados Unidos", lê-se na página do FBI na internet.

As ações atribuídas a Prigozhin "foram alegadamente tomadas para atingir um número significativo de americanos com o objetivo de interferir com o sistema político dos Estados Unidos, incluindo as eleições presidenciais de 2016", acrescenta.

O FBI oferece uma recompensa de 250.000 dólares (mais de 258.000 euros, ao câmbio atual) por informações que levem à detenção de Prigozhin.

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