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Mundo
13/11/2025 13:03:00
O que são os sinais de rádio emitidos pelo cometa 3I/Atlas detectados por astrônomos
Fenômeno confirma presença de água e descarta hipótese de origem tecnológica do objeto interestelar

R7/PCS

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Astrônomos detectaram, pela primeira vez, sinais de rádio provenientes do cometa interestelar 3I/Atlas, enquanto ele atravessava a metade do seu percurso único pelo Sistema Solar.

A observação foi feita pelo telescópio MeerKAT, na África do Sul, composto por 64 antenas parabólicas. A descoberta inicialmente despertou especulações sobre uma possível origem artificial do fenômeno, mas os cientistas esclareceram que o sinal tem explicação natural.

Desde sua descoberta, o corpo celeste tem sido alvo de teorias que sugerem se tratar de uma nave alienígena camuflada, ideia promovida pelo astrofísico de Harvard Avi Loeb, que também atribuiu origem semelhante ao objeto Oumuamua, detectado em 2017. Especialistas, porém, afirmam que as evidências científicas disponíveis contradizem qualquer hipótese de natureza tecnológica.

De acordo com os astrônomos, as emissões de rádio correspondem à absorção de determinadas faixas de frequência associadas à presença de radicais hidroxila (OH) na coma do cometa, que é uma nuvem de gás e poeira que envolve seu núcleo.

Esses radicais são gerados quando moléculas de água se quebram durante o processo de desgaseificação em que o calor solar faz com que o gelo do cometa se volatilize. Por isso, o fenômeno é um sinal claro de atividade cometária e não de tecnologia extraterrestre.

Em outubro, pesquisadores da Nasa já haviam observado jatos de água sendo ejetados do 3I/Atlas “como um hidrante aberto”. As novas medições confirmam que essa água estava sendo dissociada pela radiação solar à medida que o cometa se aproximava do periélio, o ponto mais próximo do Sol, ocorrido em 29 de outubro.

O sinal de rádio foi detectado em 24 de outubro, logo após o cometa desaparecer brevemente atrás do Sol. Durante essa passagem, o 3I/Atlas apresentou um aumento de brilho inesperado e mudanças de cor, o que reforçou seu interesse científico, mas não indicou anomalias.

Após reaparecer, o cometa chegou a ser visto sem cauda, mas observações posteriores mostraram que o fenômeno era apenas resultado de ângulos de iluminação. O objeto também exibe outras características peculiares, como excesso de dióxido de carbono e uma superfície altamente irradiada, fatores já explicados pela astronomia convencional.

A equipe de pesquisa enfatiza que todos os dados obtidos reforçam a natureza natural do 3I/Atlas. O objeto, apesar de interestelar e de trajetória única, compartilha comportamentos típicos de cometas comuns, especialmente na interação com a radiação solar.

O 3I/Atlas é apenas o terceiro objeto interestelar já identificado em visita ao nosso sistema. Ele foi observado pela primeira vez em julho, viajando a mais de 210 mil quilômetros por hora em direção ao Sol. Segundo os pesquisadores, trata-se de um cometa expulso de um sistema estelar distante há cerca de sete bilhões de anos, provavelmente vindo de uma região remota da Via Láctea.

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