BBC/PCS
ImprimirMichiyo Nishigaki encheu-se de orgulho quando seu único filho, Naoya, conseguiu um emprego em uma grande empresa de telecomunicações japonesa, assim que concluiu a universidade.
Naoya adorava computadores, e o novo emprego parecia ser uma ótima oportunidade profissional no competitivo ambiente corporativo japonês.
Dois anos depois, porém, a mãe começou a notar problemas.
"Ele me dizia que estava ocupado, mas que estava bem", relembra Michiyo.
"Até que ele veio para casa para comparecer ao velório do avô e não conseguia sair da cama. Ele me dizia: 'Me deixe dormir um pouco. Não consigo levantar. Desculpe, mãe, mas me deixe dormir", acrescenta.
Mais tarde, ela soube por intermédio de colegas que o filho estava trabalhando dia e noite.
"Em geral, ele trabalhava até o horário do último trem, mas se perdesse esse acabava dormindo no escritório", conta a mãe. "Em casos extremos, trabalhava a noite toda até 22h do dia seguinte, totalizando 37 horas de trabalho."
Naoya morreu aos 27 anos, de overdose de medicamentos. Seu caso foi oficialmente considerado um de "karoshi" - termo japonês para descrever a morte por excesso de trabalho.
O Japão tem tradicionalmente uma das jornadas laborais mais longas do mundo, e o fenômeno não é novo - o "karoshi" começou a ser identificado nos anos 1960. Mas casos recentes têm colocado o tema na pauta de debates no país.