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26/01/2018 09:46:00
Trump pede desculpas, pela 1ª vez, por retuitar vídeos da extrema-direita

O Globo/LD

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O presidente Donald Trump pediu desculpas, pela primeira vez à frente da Casa Branca, em entrevista à televisão britânica "ITV". O líder americano se retratou por retuitar, em novembro, três tuítes de um grupo de extrema-direita que atribuíam atos violentos a muçulmanos. O movimento "Britain First", reconhecido pela retórica racista, distorceu o contexto das imagens contra o Islã. As publicações geraram críticas ao republicano pelo conteúdo islamofóbico e acendeu a tensão de Washington com Londres.

Na primeira entrevista a um veículo de imprensa internacional desde que chegou à Casa Branca, Donald Trump destacou que os retuítes — opção de compartilhar as mensagens de outros usuários em seu perfil no Twitter — "podem causar problemas porque nunca se sabe quem iniciou (o conteúdo)". O líder da Casa Branca frisou que "não sabia quem eram" os integrantes do Britain First e que "não queria ofender" os britânicos.

"Se você me diz que eles são pessoas racistas horríveis, eu certamente gostaria de me desculpar, se você gostaria que eu fizesse isso", frisou o presidente americano, durante encontro com o amigo jornalista Piers Morgan, em Davos, na Suíça, onde participa do Fórum Econômico Mundial.

A entrevista completa vai ao ar no próximo domingo. Mas um trecho da conversa foi divulgado no programa "Good Morning Britan", da ITV, nesta sexta-feira. No pedaço que já foi ao ar, Trump não pede desculpas à religião muçulmana pelas ofensas, mas sim, à política britânica, por ter compartilhado o conteúdo da extrema-direita do país.

O jornalista acusou o republicano de causar "grande angústia e enfado" no Reino Unido, porque Trump havia compartilhado conteúdo violento de Jayda Fransen, líder do movimento "Britain First" (Reino Unido em primeiro lugar). Piers frisou que o grupo "é essencialmente um monte de racistas fascistas".

Um mês depois da polêmica, Jayda Frasen e o presidente do movimento, Paul Golding, foram presos por usarem palavras ameaçadoras, abusivas e insultos durante uma manifestação política em Belfast, na Irlanda do Norte. A vice-líder do Britain First também foi multada no mês passado após ter sido considerada culpada por um tribunal do Reino Unido por assédio religioso agravado por ter insultado uma mulher muçulmana que usava um hijab.

TENSÃO COM LONDRES

Na ocasião dos retuítes, a primeira-ministra britânica, Theresa May, considerou o ato de Trump "um erro". Em resposta, o presidente americano alfinetou que a líder de Londres cuidasse de seus assuntos. Em Davos, os dois convocaram entrevista coletiva para desfazer a impressão de serem desafetos.

"Temos uma grande relação, ainda que muita gente ache que não. Sou grande admirador da Grã-Bretanha, do Reino Unido, da Escócia", destacou Trump, em referência às terras em que sua mãe nasceu. Para o republicano, May "tem feito um grande trabalho".

O incidente do Twitter, em novembro, colocou em xeque a conveniência do convite para uma visita de Trump a Londres. Há a preocupação com protestos em massa no caso de uma viagem do americano ao país europeu.

"Não me importa. Creio que muita gente no país gosta do que defendo. Defendo fronteiras fortes", respondeu o entrevistado, ao ser questionado sobre a sua impopularidade no aliado.

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