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Polícia
29/07/2017 11:28:00
Aliados de Temer e oposição definem últimas ações para votação da denúncia

G1/LD

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A quatro dias da votação pela Câmara da denúncia contra o presidente Michel Temer, o governo e os parlamentares aliados afinarão neste fim de semana as estratégias para barrar o prosseguimento do processo para o Supremo Tribunal Federal. A sessão está marcada para quarta-feira (2).

Neste domingo (30), Temer comandará em Brasília uma reunião com ministros e deputados da base aliada para discutir a votação. O encontro está previsto para o Palácio do Jaburu, assim como têm sido as últimas reuniões para discutir a denúncia.

Com o objetivo de desgastar a imagem de Temer, a estratégia – praticamente definida – da oposição é a seguinte: não registrar a presença em plenário e adiar a votação.

Nos bastidores, deputados contrários a Temer avaliam que o cenário atual é favorável ao presidente, ou seja, que há a possibilidade de a denúncia ser rejeitada pelo plenário.

Por isso, está prevista para a próxima terça (1º), véspera da votação, uma reunião na Câmara dos líderes de partidos e deputados da oposição. A denúncia da PGR

Com base nas delações de executivos do grupo Jamp;amp;F, que controla a JBS, Temer foi denunciado ao Supremo Tribunal Federal pela Procuradoria Geral da República, por corrupção passiva.

O STF só poderá analisar a denúncia, porém, se a Câmara autorizar. Para o processo seguir para a Corte, são necessários os votos de, pelo menos, 342 deputados contra Temer.

Antes de a denúncia ser analisda pelo plenário, foi discutida na Comissão de Constituição e Justiça. Na CCJ, o governo conseguiu uma vitória.

Após uma série de trocas de integrantes, articulada pelo Palácio do Planalto, a CCJ rejeitou o parecer de Sergio Zveiter (PMDB-RJ), favorável à denúncia, e aprovou o relatório de Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), que recomenda a rejeição da denúncia. Este é o parecer que será votado em plenário.

AS ESTRATÉGIAS

GOVERNO

Com o objetivo de barrar a denúncia no plenário da Câmara, Temer convocou para este domingo uma reunião no Palácio do Jaburu com ministros e deputados para discutir as estratégias para a sessão.

Os ministros que despacham do Palácio do Planalto – Eliseu Padilha (Casa Civil), Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo) e Moreira Franco (Secretaria-Geral) – deverão participar desse encontro, além de líderes do governo no Congresso, além deputados aliados e líderes partidários.

Segundo apurou o G1, o Planalto concentrará as articulações em deputados de PSDB, DEM e PSB.

Levantamentos internos indicam a possibilidade de parlamentares dessas legendas se posicionarem a favor da denúncia contra Temer.

Além disso, deputados de PP e PSD têm demonstrado resistência a votar na sessão, embora os dois partidos integrem o governo.

Diante desse cenário, desde os últimos dias o chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, tem analisado os "mapas" apresentados por diferentes deputados, a exemplo de Beto Mansur (PRB-SP) e André Moura (PSC-SE), e comparado com os próprios levantamentos do Planalto.

Padilha também tem monitorado como os deputados têm se manifestado em redes sociais e em entrevistas nas bases eleitorais. A estratégia é negociar cargos e liberação de emendas.

Também responsável pela articulação política do Planalto, o ministro da Secretaria de Governo, passará o fim de semana telefonando para os deputados. A partir de terça, as conversas serão pessoalmente, com a presença de Temer.

OPOSIÇÃO

Entre os deputados da oposição, há o consenso de que, quanto mais conseguirem adiar a votação da denúncia, melhor. O objetivo é "sangrar" o presidente, segundo um parlamentar que pediu para não ser identificado.

Na avaliação do líder do PT, deputado Carlos Zarattini (SP), o agravamento da situação do presidente pode fazer com que indecisos e governistas votem a favor da denúncia.

“Tem muita gente já preocupada com o que a opinião pública está achando. E isso pode levar a uma debandada da base do governo que leve ao afastamento do presidente”, declarou o petista.

Pesquisa Ibope divulgada nesta semana mostrou que somente 5% aprovam o mandato de Michel Temer.

O deputado Alessandro Molon (Rede-RJ) afirma que o governo não possui 342 aliados para dar início à votação e defende que a oposição só registre presença após esse número ser atingido no painel.

“Se nós colaborarmos para a abertura da votação com o quórum baixo, nós vamos facilitar a vida daqueles deputados que, com suas ausências, pretendem ajudar Temer a permanecer impune”, disse o parlamentar fluminense.

Sem falar em derrota, Molon avalia que o alto índice de deputados investigados no STF, cerca de 12%, pode ajudar o presidente.

“A grande quantidade de parlamentares denunciados ou investigados fortalece a estratégia de Temer de apostar na impunidade. É o que outros denunciados e investigados esperam: que a impunidade esteja garantida. Esse é um cenário que favorece a Temer”, opinou.

Questionado sobre se há uma falha na organização de oposicionistas para conquistar votos contra Temer, o deputado da Rede nega falta de articulação.

“A dificuldade é conseguir alcançar um quórum elevado de votos a favor da instauração do processo em um momento em que há um número grande de parlamentares correndo o mesmo risco. É um dificultador da nossa ação”, avaliou Molon.

Na mesma linha, Ivan Valente (PSOL-SP) diz que o fato de vários partidos terem deputados investigados cria uma “oposição de baixa intensidade”.

“Tem muitos partidos que também tem parlamentares envolvidos nos processos. Então, isso cria uma oposição de baixa intensidade às vezes. Mas acredito que quando se canalizar isso para se ter um processo contra o temer, eu acho que haverá uma unificação”, projetou Valente.

Quórum

Apesar de a sessão estar prevista para quarta, existe dúvida sobre a realização da votação, que só poderá se iniciar com 342 deputados no plenário da Câmara.

Tanto governo quanto oposição falam em não registrar presença ao longo da quarta. O Planalto discute orientar os deputados da base a esperar a oposição.

Em São Paulo, na sexta-feira (28), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) afirmou ter "certeza" de que haverá quórum. "Na quinta-feira, a gente precisa ter agenda de reformas em andamento", disse.

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