Quarta-Feira, 24 de Abril de 2024
Polícia
18/07/2019 10:50:00
Denúncia de pesca predatória feita em vídeo por presidente de ONG é fraude, afirma PMA
Polícia acredita que ele montou toda a situação, com a ajuda de três pessoas

Sheila Forato

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Foto: Reprodução/Vídeo
Foto: Reprodução/Facebook

Na manhã desta quinta-feira (18), a PMA (Polícia Militar Ambiental) informou que uma denúncia feita pelo presidente da ONG Bocas Abertas do Caronal, Marcio Ferreira Vaz de Souza, é uma fraude, alertando que ele pode responder por crimes, dentre esses denunciação caluniosa.

No dia 14 de julho o presidente publicou um vídeo em suas redes sociais de dois homens encapuzados, a bordo de uma canoa, jogando rede no rio Taquari, em Coxim. No vídeo Ferreira aparece às margens do rio filmando e fazendo a denúncia de pesca predatória, que teria sido praticada no dia 3 de julho.

No vídeo, que você pode assistir ao final da reportagem, o presidente da ONG afirma que, além da canoa, tinha outros barcos com motores, que fugiram. Já na postagem ele cobra providências, inclusive por parte do MPE (Ministério Público Estadual) e do governo do Estado.

Em nota, a PMA afirma que assim que recebeu a denúncia passou a tentar identificar os pescadores pelas características da canoa. Três dias depois, nesta quarta-feira (17), localizaram a mesma numa chácara a 25 quilometros da cidade. O proprietário reconheceu a canoa, assumiu que é dono da embarcação há mais de 40 anos e informou que empresta para conhecidos.

Após conversarem com o proprietário os policiais ficaram ainda mais desconfiados, pois já estavam em dúvida sobre a veracidade da denúncia. Segundo o setor de relações públicas, as desconfianças começaram assim que a equipe começou a analisar os detalhes, como a rede que não é utilizada nessa região e até mesmo o fato dos supostos pescadores estarem encapuzados, que também não é prática comum por aqui.

Ainda de acordo com a PMA, a fraude foi descoberta quando o proprietário da embarcação revelou que emprestou a canoa para Ferreira, que estava acompanhado de três homens. Ele disse que emprestou e foi para sua casa almoçar e voltou por volta da 15 horas, porém, o pessoal não estava mais no local. Somente por volta das 18 horas apareceram para devolver a canoa. Ele afirmou aos policiais que naquele dia não havia ninguém no rio, além das pessoas a quem emprestou a embarcação.

Quanto mais a equipe de policiais conversava com o proprietário da canoa mais desconfiada ficava. Um dia antes ele tinha visto o vídeo, que foi mostrado por um irmão, e reconheceu a embarcação e os dois supostos pescadores como sendo duas das três pessoas que acompanhavam o presidente da ONG no momento em que ele emprestou a canoa.

Conforme a PMA, as autoridades competentes também já tem a identidade desses dois, faltando apenas do quarto envolvido. O depoimento do proprietário da embarcação foi tomado na presença de testemunhas. Na instância administrativa, a PMA vai efetuar auto de infração por pesca predatória para cada um dos participantes, pois, independente da situação, ela foi praticada. A multa administrativa prevista é de R$ 700,00 a R$ 100.000,00.

Paralelamente ao auto de infração, a PMA encaminhou o caso para a Polícia Civil e ao Ministério Público Estadual, que devem apurar pelo menos dois crimes: pesca predatória e denunciação caluniosa e, dependendo, até de associação criminosa.

O outro lado

O Edição MS entrou em contato com Ferreira. Ele disse por telefone que por enquanto não vai se pronunciar, prefere aguardar o desenrolar do caso. Entretanto, ele afirmou que vai se defender e posteriormente dar sua declaração.

*Editada para acréscimo de informações.

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