TMN/PCS
ImprimirHomens, geralmente idosos, e rotulados como ‘bem-sucedidos’ em Campo Grande, foram alvos de uma quadrilha do Rio Grande do Sul, que aplicavam o ‘golpe dos nudes’. Conforme investigações, as vítimas tiveram um prejuízo de mais de R$ 5 milhões. Dentro os ‘escolhidos’, homens de diferentes classes sociais também caíram no golpe.
A investigação, realizada pela Derf (Delegacia Especializada em Repressão a Roubos e Furtos) com apoio do DERCC (Departamento Estadual de Repressão aos Crimes Informáticos) e da DPRCPE (Delegacia de Polícia de Repressão aos Crimes Patrimoniais Eletrônicos), do Rio Grande do Sul, chegou ao nome de Eric Basso da Silva, vulgo Chapolin, como o líder do grupo responsável pelos golpes, que teve a prisão preventiva decretada.
Basso já possui antecedentes criminais ligados ao porte ilegal de arma de fogo e tráfico de drogas, além de já ter ficado custodiado em presídios do Rio Grande do Sul junto com outros suspeitos. Seu último domicílio foi identificado em Bento Gonçalves–RS. Ele também teve contas bancárias e valores bloqueados por ordem judicial e é considerado foragido.
Além de ser suspeito de orquestrar a prática do golpe, recebendo valores exigidos e determinado contas bancárias para remessa dos valores, ele teria contratado e pagado um detetive particular para monitorar uma vítima e seus familiares, remetendo fotos da rotina deles à vítima a fim de mantê-la em grave ameaça.
O suspeito que teve a prisão decretada e mais 14 pessoas foram indiciadas por extorsão e integrar organização criminosa.
Durante as investigações, foram identificados indícios de que os suspeitos integram a facção denominada “Bala na Cara” ou “BNC”, uma das mais violentas do Rio Grande do Sul. Conforme verificado, os investigados possuem ligação com tal facção, seja por residirem em suas áreas de domínio, seja por terem passagens pelo sistema prisional em galerias destinadas à membros da referida facção.
Passo a passo do golpe
Inicialmente, os criminosos cadastram um perfil fake em uma rede social, com denominação, imagens e outras características de uma mulher jovem, com aparência que varia aproximadamente entre 16 e 25 anos.
O perfil da jovem fake então adiciona e inicia diálogos com a vítima, cujos alvos prediletos são homens, normalmente de meia-idade ou idosos, por vezes casados. O perfil fake conversa e inicia o flerte com a vítima alvo.
Com a prática reiterada e o aperfeiçoamento do crime, os perfis fakes já são mais elaborados, possuem um bom número de amigos virtuais, fazem postagens diversas e até adicionam amigos das vítimas, de modo que a essa é levada a crer que o perfil é real.
O envio de fotos sensuais e íntimas faz com que a vítima, que já acredita que aquele perfil é verdadeiro, passe a ser cobrada também para encaminhar seus próprios nudes, e assim o faz.
Na segunda etapa do golpe, outro contato é feito com a vítima, normalmente por meio de whatsapp, contudo, agora, apresenta-se como um familiar da também suposta adolescente e passa a exigir valores financeiros como “reparação” de um dano emocional causado à jovem pelas trocas de “nudes”.
Após um tempo, em novo contato, apresenta-se desta vez como Delegado de Polícia dizendo que a mulher jovem do perfil fake é uma menor de idade e que por isso a troca de imagens íntimas entre a vítima e o perfil da jovem constituiriam crimes de pedofilia, o que resultaria em prisão, ação penal e exposição.
As investigações começaram após o registro de ocorrências onde as vítimas alegavam que estavam sendo extorquidas com relatos muito semelhantes umas as outras. A história contada era a mesma e parte das contas correntes indicadas pelos extorsionários para receberem os valores exigidos eram de titularidades de pessoas em comum, todas moradoras do Rio Grande do Sul e ligadas a pessoas presas no estado.