Domingo, 28 de Abril de 2024
Polícia
20/12/2023 12:10:00
Gaeco volta às ruas para prender mais 12 envolvidos com o jogo do bicho
Segunda fase da operação mira integrantes de organização criminosa ligada a deputado e que estaria usando a força para dominar a jogatina na Capital

CE/PCS

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Na primeira fase da operação Sucessione, a casa do deputado estadual Neno Razuk, foi alvo de devassa do Ministério Público

Quinze dias depois devassa na casa do deputado estadual Roberto Razuk Filho (PL), mais conhecido como Neno, o Ministério Público, por meio do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (GAECO), deflagrou, na manhã desta quarta-feira (20), uma nova fase da Operação Successione. Promotores e policiais foram às ruas para o cumprimento de 12 mandados de prisão preventiva e de quatro mandados de busca e apreensão em Campo Grande.

A explicação para as novas prisões, conforme o MPE, é que a partir do material apreendido no dia 5 de dezembro descobriu-se que várias outras pessoas estavam envolvidas naquilo que classificam como organização criminosa, que age de maneira violenta para estabelecer seu domínio.

Na primeira fase da operação, quando três de seus assessores foram presos, o deputado Neno Razuk negou que tenha elo com a jogatina em Campo Grande e deixou claro que não deixaria a função de corregedor da Assembleia Legislativa. Mas, seus três assessores, o major aposentado Gilberto Luiz dos Santos, Diego de Souza Nunes e Manoel José Ribeiro, foram demitidos. Eles continuam presos. Naquela data, o filho do major também foi detido.

Além disso, informa a assessoria do Gaeco, mesmo depois da apreensão de cerca de 700 máquinas para apostas do jogo do bicho, ocorrida em 16 de outubro, o grupo continuou investindo na compra de novos equipamentos para repor o estoque, deixando claro que o grupo não havia se intimidado com a descoberta.

“A organização é integrada por policiais militares da reserva e de um ex-policial militar (excluído dos quadros da corporação), que se valiam de sua condição, especialmente do porte de arma de fogo, como forma de subjugar a exploração do jogo ilegal aos mandos e desmandos da organização criminosa, tudo para tornar Campo Grande novo território sob seu comando”, diz nota distribuída pelo MPE.

Esse grupo de policiais aposentados estaria ligado ao deputado e a meta, conforme a investigação, seria expulsar da cidade um grupo paulista que teria passado a explorar a modalidade clandestina de apostas desde 2019 em Campo Grande. Os indícios são de que pessoas ligadas ao deputado teriam participado de pelo menos três roubos de malotes com dinheiro de apostas do grupo rival.

E depois das investigações iniciais, o GAECO concluiu que 15 pessoas, todas denunciadas no final da tarde de ontem (19), "cada qual a sua maneira, integravam organização criminosa armada, estruturalmente ordenada e com divisão de tarefas, voltada à exploração ilegal do jogo do bicho, roubos triplamente majorados, corrupção, entre outros crimes graves", informou o MPE.

O nome da operação (Sucessione) faz alusão à atual disputa pelo controle do jogo do bicho em Campo Grande, com a chegada de novos grupos criminosos que migraram para a Capital após a “Operação Omertà”, que em 2019 “destronou” a família Name, que durante décadas dominou essa modalidade de jogatina na cidade

Na primeira fase da operação foram expedidos 10 mandados de prisão e cumpridos nove. ALém disso, ainda foram cumpridos 13 mandados de busca e apreensão, em Campo Grande e em Ponta Porã.

MÁQUINAS APREENDIDAS

O envolvimento de pessoas ligadas ao jogo do bicho e ao deputado começou a aparecer no dia 16 de outubro deste ano, quando um assessor do deputado, o major aposentado Gilberto Luiz dos Santos, o mesmo que foi preso no dia 5 de dezembro, foi detido em uma residência no Bairro Monte Castelo, em Campo Grande.

O ex-PM estava em um imóvel no qual foram apreendidas 700 máquinas que substituíram os tradicionais talões para fazer apostas do jogo do bicho. Com ele havia outro PM aposentado e outras oito pessoas.

Na ocasião, a atuação foi feita pelo delegado Fábio Peró, do Garras, o mesmo que investigou o grupo da família Name em 2019. No dia do fato, todas as pessoas presentes na residência foram liberadas após prestarem depoimento. Ninguém informou de quem seriam as maquininhas.

A investigação, então, passou a ser da Delegacia Especializada de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco), e o secretário de Segurança Pública de MS, Antônio Carlos Videira, chegou a dizer que ela seria do grupo de São Paulo, que está comandando a contravenção na Capital.

Na época, o deputado Neno Razuk foi questionado sobre o flagrante de seu assessor, mas afirmou que manteria o major aposentado em seu gabinete na Assembleia Legislativa.

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