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Polícia
27/07/2018 10:56:00
MP denuncia cinco por queimar bens e expulsar venezuelanos de prédio em Mucajaí, interior de Roraima

G1/LD

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Cinco moradores de Mucajaí, no Sul de Roraima, foram indiciados pelo Ministério Público de Roraima acusados da prática de xenofobia e incitação ao crime. A denúncia foi feita à Justiça na segunda-feira (23) e divulgada nesta sexta (27).

Os delitos ocorreram em março deste ano, quando um grupo expulsou venezuelanos que moravam em um abrigo no município e atearam fogo aos pertences dos imigrantes.

Segundo o MP, no dia 17 de março, dois dos denunciados usaram um microfones para incitar palavras de ordem contra os imigrantes. Os demais acusados invadiram o abrigo improvisado, expulsaram os moradores do local, jogaram pertences na rua e atearam fogo nos objetos.

Durante a invasão eles também cortaram roupas, malas, colchões e documentos dos abrigados. O Ministério Público classificou a ação como um ato de vandalismo.

Na época, imigrantes que moravam no local contaram que estavam muito assustados com o ato. Rinna Almeida, de 34 anos, vivia no prédio havia duas semanas. Na confusão, teve roupas e todos os documentos queimados. "Perdi meu visto, passaporte e cédula venezuelana", disse à época.

As investigações do MP concluíram que o protesto ocorreu em razão da morte do morador do município, Eulis Marinho de Souza, assassinado em uma briga generalizada entre brasileiros e venezuelanos. Um imigrante também morreu na confusão.

Um venezuelano foi denunciado em abril deste ano pela morte de Eulis. Já a morte do imigrante segue sendo investigada pelo MP e pela polícia.

O promotor de Justiça do caso, Ulisses Moroni, destacou que ações que disseminam o ódio, discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional são passíveis de punição.

Se condenados, os indiciados podem ficar presos por até três anos e seis meses e pagar multa. Um deles também deve responder pelo crime de dano qualificado, o que pode acrescentar até três anos a pena.

Protesto

Cerca de 300 pessoas participaram do protesto contra a morte do brasileiro Eulis Marinho.

Além de invadirem o prédio onde 27 venezuelanos viviam e atearem fogos aos bens deles, moradores também interditaram a BR-174 por quase duas horas e queimaram pneus na via. Não houve feridos e ninguém foi preso na época, de acordo com a Polícia Militar.

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