Sexta-Feira, 26 de Abril de 2024
Polícia
29/01/2018 19:05:00
O que se sabe sobre a maior chacina da história do Ceará
14 pessoas morreram em crime em casa noturna de Fortaleza; uma pessoa foi presa.

G1/PCS

Imprimir

Uma guerra de facções, em meio a uma onda de violência, está por trás do assassinato de 14 pessoas em uma casa de forró em Cajazeiras, na periferia de Fortaleza, no último sábado (29). Uma pessoa foi presa.

A casa de forró era frequentada por membros do Comando Vermelho (CV), disseram um policial militar e moradores do bairro ao G1; o ataque é atribuído pelas mesmas pessoas aos Guardiões do Estado (GDE), uma facção local.

Nesta segunda (29), dois dias depois da chacina, uma briga entre presos resultou na morte de dez pessoas na cadeia pública de Itapajé, no interior do Ceará. O confronto foi entre integrantes do CV e do Primeiro Comando da Capital (PCC). O PCC é aliado do GDE, segundo autoridade da área de inteligência no estado.

O Ceará enfrenta uma onda de violência. Em 2017, o número de homicídios foi 47% superior ao de 2016, segundo dados da Secretaria da Segurança Pública.

A sequência dos fatos na chacina de Cajazeiras, segundo moradores e autoridades:

Por volta de 12h30 (1h30 no horário de Brasília) de sábado (27), homens armados chegam em três carros ao "Forró do Gago", na periferia de Fortaleza, entram no local e atiram; 14 pessoas morrem, das quais oito mulheres e seis homens, na maior chacina da história do Ceará;

Três das vítimas tinham passagens pela polícia, de acordo com o secretário de Segurança do Ceará;

O "Forró do Gago", segundo moradores, é frequentado por integrantes do Comando Vermelho, uma das facções a atuar no Ceará. Um vídeo na internet mostra um baile no local em que frequentadores cantam uma música alusiva à facção;

Moradores e um policial militar relataram ao G1 que uma facção local é a responsável pela chacina: os Guardiões do Estado (GDE), grupo rival do Comando Vermelho.

Uma pessoa foi presa suspeita do crime e outras cinco identificadas, segundo a polícia. Um fuzil foi apreendido no local da chacina;

Um dos filhos de Antônio José Dias de Oliveira, de 55 anos, uma das vítimas da chacina, disse que criminosos "já vinham avisando, dizendo que iam invadir [a casa noturna]. Até que chegou um momento em que eles vieram e fizeram o que disseram". O filho não quis se identificar; o pai trabalhava na hora do crime como vendedor de cachorro-quente;

O governo do Ceará inicialmente relutou em admitir a participação de facções na chacina de Cajazeiras. O secretário de Segurança Pública, André Costa, chegou a falar que o crime foi um "caso pontual"; atualmente, a guerra de facções é uma das hipóteses consideradas pela polícia. No domingo (28), em parceria com o governo federal, o Ceará anunciou uma força-tarefa para combatê-las no estado.

O "Forró do Gago", segundo moradores, é frequentado por integrantes do Comando Vermelho (Foto: WhatsApp)
Foto: WhatsApp

A violência no Ceará:

O Ceará chegou ao final de dezembro de 2017 com 5.023 assassinatos, segundo a Secretaria da Segurança Pública, 47,4% a mais do que os 3.407 homicídios registrados em 2016; a marca é recorde ao menos desde 2013, quando o governo do Ceará passou a divulgar as estatísticas periodicamente;

O estado foi líder em mortes violentas em todo o Brasil de acordo com o Monitor da Violência, que acompanhou a criminalidade no país entre 21 e 27 de agosto. Foram 123 mortes, à frente de Pernambuco (106) e Pará (102). O Monitor da Violência é uma parceria do G1 com o Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP e com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Antônio José Dias de Oliveira, de 55 anos, trabalhava como vendedor de cachorro quente (Foto: WhatsApp)
Foto: WhatsApp
COMENTÁRIO(S)
Últimas notícias