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Polícia
23/10/2017 12:31:00
Pai diz que não sabia que filho sofria bullying em escola
Dois alunos morreram e quatro ficaram feridos. Menor está apreendido. Policial militar disse que carregadores da arma ficavam trancados.

G1/PCS

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Pai de aluno que atirou em colegas na escola prestou depoimento em delegacia (Foto: Sílvio Túlio/G1)

O pai do aluno de 14 anos que atirou contra colegas dentro de uma escola de Goiânia prestou depoimento na Delegacia de Polícia de Apuração de Atos Infracionais (Depai) na manhã desta segunda-feira (23). Ele, que é policial militar, chegou por volta de 9h15 e não quis gravar entrevistas. O adolescente segue apreendido.

O depoimento durou cerca de 1h30. O pai do aluno estava acompanhado da advogada. "Ele [pai] estava sereno, tranquilo, mas muito abalado com o que aconteceu. Ninguém sabia que ele sofria bullying, foi uma surpresa para todos", disse o escrivão Marcos Paulo Passos, que colheu o depoimento.

Após a oitiva, ele e a defensora ficaram em uma sala reservada por alguns minutos e, em seguida, deixaram o local às 11h35. O pai não quis falar sobre o assunto. "Eu pretendo falar em outra oportunidade, em outro momento", disse.

No depoimento, o pai relatou à polícia que nunca recebeu reclamações do filho sobre comentários ou atitudes ofensivas. Com relação à arma, o policial militar explicou ela estava descarregada e em cima do guarda roupas. Já a munição ficava trancada em uma gaveta em outro quarto. Ele explicou ainda que não sabe como o filho conseguiu a chave para ter acesso às balas.

O escrivão informou ainda que, durante o depoimento, o pai falou que o adolescente nunca teve acesso a arma, pediu para vê-la ou atirar.

A Polícia Civil também apreendeu o tablet do adolescente, que vai ser periciado para saber se o aluno fazia pesquisas sobre arma ou como planejou o crime.

Tiros em escola

O crime aconteceu na manhã de sexta-feira (20) em uma sala de aula do 8º ano do Colégio Goyases, no Conjunto Riviera, em Goiânia. Os disparos aconteceram no intervalo entre duas aulas.

Segundo o delegado Luiz Gonzaga Júnior, responsável pelo caso, o autor dos disparos disse que sofria bullying de um colega e, inspirado em massacres como o de Columbine, nos Estados Unidos, e o de Realengo, no Rio de Janeiro, decidiu cometer o crime. Filho de policiais militares, ele pegou a pistola .40 da mãe e a levou para a unidade educacional dentro da mochila.

Adolescente suspeito de efetuar disparos está apreendido em Goiânia (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)

Os estudantes João Vitor Gomes e João Pedro Calembo, de 13 anos, morreram no local. Os outros quatro alunos baleados foram socorridos e levados a hospitais de Goiânia. Um deles, Hyago Marques, recebeu alta neste domingo e já se recupera em casa, mas outros três seguem internados.

A juíza plantonista Mônica Cézar Moreno Senhorello acatou recomendação do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) e determinou, no sábado (21), a internação provisória do aluno por 45 dias. A sessão para definir a sentença do menor deve ocorrer no Juizado da Infância e Juventude, em Goiânia, mas ainda não tem data marcada.

No dia dos disparos dentro da escola, a coordenadora da unidade, Simone Maulaz Elteto, foi quem convenceu o aluno a travar a arma e se entregar. Ela revelou que o aluno chegou a apontar a arma contra ela.

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