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Polícia
17/04/2018 08:45:00
PF usa imagens para identificar invasores de triplex atribuído a Lula em Guarujá

G1/LD

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A Polícia Federal vai utilizar fotos e vídeos para identificar as pessoas que invadiram o Condomínio Solaris e o apartamento de cobertura triplex atribuído ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Guarujá, no litoral de São Paulo. Houve arrombamento de portas e moradores foram hostilizados, segundo apuração prévia do órgão.

Aproximadamente 50 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e da Frente Povo Sem Medo ocuparam o imóvel após invadir o edifício, localizado na orla da Praia das Astúrias, na segunda-feira (16). Eles permaneceram no apartamento por cerca de quatro horas e o deixaram após negocião com policiais militares.

A delegada da Polícia Federal Luciana Fuschini abriu inquérito no mesmo dia por "esbulho possessório", quando há uma invasão violenta feita por um grupo a um bem. O caso é atribuição do órgão, pois o triplex foi confiscado pela Justiça durante as investigações da Operação Lava Jato, que condenou Lula, e vai a leilão.

Luciana ouviu cinco moradores e o segurança do edifício. Segundo apuração da delegada, conforme informações da perícia e dos policiais que atenderam o caso, houve invasão uma vez que os manifestantes arrombaram o portão da garagem e, em seguida, a porta do apartamento que ficou ocupado durante a manhã.

Constatou-se, também, que houve tumulto e baderna, e que os condôminos foram hostilizados e ridicularizados pelos manifestantes. Foram recolhidas imagens e áudios gravados pelos próprios moradores, além de vídeos das câmeras de monitoramento do condomínio, que flagraram a movimentação do grupo durante a ocupação.

Os advogados dos dois movimentos se apresentaram na Delegacia da PF, mas não indicaram os envolvidos no ato. "Todas as imagens vão ser analisadas, e as pessoas nelas serão identificadas, para que possam ser responsabilizadas", afirmou a delegada, que também aguarda os laudos da perícia sobre todos os danos ocasionados.

Pânico e gritaria

Moradores do condomínio relataram medo e pânico durante a invasão de militantes ao imóvel. "O barulho era muito grande, havia uma algazarra. A gente realmente estranha, pois eles querem respeito, mas não respeitam a gente", comentou o morador da cobertura ao lado, o médico Mauricy Magário, de 58 anos.

"Eles chegaram a veicular, em voz alta, que iriam invadir todos os outros apartamentos. Todos ficamos assustados. A gente ficou bastante tenso. Eles pediam guerra, pediam luta. 'Vamos à luta'. Mas que espécie de luta é essa?", questionou Magário. Um dos integrantes, mais tarde, garantiu a ele que não haveria briga.

O aeronauta aposentado José Ramon Rodrigues, de 67 anos, que mora em outro apartamento no condomínio, disse ter ficado apreensivo. "Quando eu cheguei, já estava a ocupação feita. Minha mulher que avisou o que estava acontecendo. Pelo o que eu entendi, eles queriam fazer uma demonstração relâmpago", contou.

Invasão

Os manifestantes chegaram ao edifício por volta das 8h30 desta segunda-feira. "Se o triplex é do Lula, podemos permanecer. Se não é, por que ele está preso?", argumentou o integrante do MTST, Josué Rocha. De acordo com ele, mais de 50 pessoas foram ao triplex, e outros 100 manifestantes ficaram na rua.

O grupo estendeu faixas com as mensagens "Povo Sem Medo", "Se é do Lula, é nosso" e "Se não é, por que prendeu?", na sacada do apartamento. "Queremos provocar essa discussão. Eles não têm provas de que o triplex é do Lula, não há nenhuma prova da propriedade, a condenação é uma farsa", disse mais cedo.

O pré-candidato à Presidência da República pelo PSOL (Partido Socialismo e Liberdade) e coordenador nacional do MTST, Guilherme Boulos, também participou desde cedo da manifestação. Ele anunciou o lançamento da pré-candidatura no dia 10 de março, em São Paulo, com a vice da chapa, a ativista Sônia Guajajara.

Triplex

A invasão acontece nove dias após Lula se entregar para à Polícia Federal. Ele foi preso, após permanecer por dois dias na sede do Sindicato dos Metalúrgicos em São Bernardo do Campo (SP). Foi justamente o caso triplex que ocasionou a condenação do ex-presidente por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Lula foi condenado pelo juiz Sérgio Moro após o magistrado entender que a construtora OAS pagou R$ 2,2 milhões em propina a ele por meio da entrega e a reforma do apartamento, em Guarujá. Desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região aumentaram a pena dele para 12 anos e um mês de prisão.

A Justiça em São Paulo ainda decidiu bloquear o apartamento triplex, alvo de investigação pela Operação Lava Jato. O leilão, conforme previsão inicial, será realizado nos dias 15 e 22 de maio e os lances podem ser feitos pela internet até estas datas. O valor inicial dos lances também é de R$ 2,2 milhões.

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