Quinta-Feira, 25 de Abril de 2024
Polícia
14/09/2017 06:31:00
Polícia faz ação contra venda de carteira de motorista sem prova ou exame
No DF, alvos são clínicas credenciadas ao Detran. Ação também ocorre em três estados, onde autoescolas e servidores do Detran são suspeitos de fraude.

G1/PCS

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Departamento de Polícia Especializada (DPE) em Brasília (Foto: Raquel Morais/G1)

A Polícia Civil do Distrito Federal faz uma operação nesta quinta-feira (14) que apura venda de carteira de motoristas para todo o país, sem provas ou exames. Os alvos no DF da operação "Habilis" são clínicas credenciadas ao Detran.

A ação da Coordenação de Repressão aos Crimes contra o Consumidor e Fraudes (Corf) também ocorre ao mesmo tempo em três estados: Minas Gerais, Goiás e Pará. Nestes lugares, autoescolas e servidores do Detran também são suspeitos de participar do esquema.

Ao todo, são cerca de dez mandados – eles incluem prisão, condução coercitiva (quando o alvo é levado para depor) e busca e apreensão.

Em agosto, a TV Globo e o G1 denunciaram a venda de habilitação fraudada pela internet. Para um processo que leva de três a quatro meses, as pessoas pagavam a fim de conseguir o documento em só 15 dias.

Tirar a carteira de forma "oficial" custa em média R$ 1,3 mil no DF. O valor inclui clínica médica, biometria e simulador. A autoescola é paga separadamente.

Relembre

Por telefone, a repórter Clara Franco chegou a simular interesse e negociou com um homem a venda da habilitação, categoria B. O suposto fraudador promete entregar o documento em 15 dias. “Você envia a documentação, faz o pagamento do sinal de entrada, que é um valor exigido a qualquer taxa inicial do processo aqui na autoescola.”

"A gente realiza todo o procedimento como se você realmente tivesse passado em todas as etapas na autoescola."

Alguns anunciantes preferem fechar o negócio por mensagem. Em um outro anúncio, uma pessoa diz que trabalha no centro de cadastramento e validação do Detran de São Paulo. À reportagem, o órgão oficial respondeu que este setor não existe no departamento.

O suspeito diz emitir a CNH para todo o Brasil. Segundo ele, o documento não é entregue em mãos por “motivo de segurança”. A carteira chegaria em casa depois do pagamento via depósito bancário.

Carro de fiscalização do Detran do Distrito Federal (Foto: Andre Borges/Agência Brasília)

O Detran do DF diz saber que os anúncios são de quadrilhas de outros estados que agem em Brasília. De acordo com o órgão, as organizações envolvem servidores de departamentos de trânsito, despachantes e autoescolas que enviam a documentação fraudada como se alunos de outros estados estivessem pedindo uma transferência.

Segundo o diretor do departamento de trânsito, Glauber Peixoto, há riscos ao comprar CNH. "A pessoa que não passa por todo processo de habilitação, não vai conhecer a legislação como deveria, ela vai começar a dirigir sem ter os cuidados necessários à segurança do trânsito, colocando em risco ela própria como condutora e outras pessoas na via.”

O Detran disse ainda que fiscaliza com frequência as 170 autoescolas credenciadas no DF e que pra evitar esse tipo de fraude, passou a exigir no ano passado o sistema de biometria. No novo sistema, aluno e instrutor marcam presença e batem fotos para comprovar as aulas.

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