Polícia
28/04/2013 07:45:05
Seita com 6 mil adeptos cai na mira da Polícia Federal
A PF averigua a existência de um novo na região da Sé.
Agência Estado/AB
Imprimir
\n \n Uma seita que arrebanha integrantes na capital paulista para\n trabalhar sem salário em fazendas e indústrias no interior de Minas Gerais já\n reúne cerca de 6 mil pessoas. Para ser aceito no "mundo paralelo" do\n grupo Jesus A Verdade que Marca, é preciso, segundo a polícia e ex-integrantes,\n doar casa, carro e os demais bens para os líderes e obedecê-los cegamente. As\n regras incluem a proibição do marido dormir com a mulher, o confinamento em\n fazendas e alojamentos e o veto a TV e internet. \n \n Durante a Operação Canaã, deflagrada pela Polícia Federal na\n terça-feira, dois líderes da seita - cujos nomes não foram revelados - acabaram\n presos por apropriação indébita ao serem flagrados com cartões do Bolsa-Família\n de integrantes do grupo. Para a PF, o discurso religioso é um atrativo para\n cooptar mão de obra escrava. "É um grupo extremamente fechado, que busca\n pessoas em situação vulnerável e as mantém nas propriedades com uma alta carga\n de doutrinação", diz o delegado João Carlos Girotto. \n \n O advogado do grupo, Leonardo Carvalho de Campos, argumenta que as\n fazendas nas cidades de Minduri, São Vicente de Minas, Madre de Deus e\n Andrelândia são apenas associações de agricultura comunitária. \n \n Depoimentos de ex-integrantes destoam do que ele diz. Um\n aposentado de 72 anos conta que o pastor Cícero Vicente de Araújo, líder da\n seita, o convenceu a doar tudo o que tinha porque "todas as estradas iam\n se fechar e colocariam chips na cabeça das pessoas". \n \n "O pastor disse que só quem fosse para aquela região de Minas\n conseguiria viver bem." Há três anos, o homem tenta reaver na Justiça os\n R$ 32 mil de um carro e parte do dinheiro de uma casa que vendeu para aderir à\n seita. Para manter os fiéis, o ex-adepto conta que os pastores afirmavam que as\n pessoas que saíssem seriam amaldiçoadas. "Eles diziam que os demônios\n destruiriam aqueles que saíssem e passavam uns filmes da inquisição." \n \n Carne \n \n Apesar de todos se tratarem por irmã ou irmão, os ex-membros\n relatam disparidade de tratamento. "Eu passava as noites limpando tripa,\n cabeça e pé de boi para comermos. A carne ia para os líderes", contou uma\n ex-adepta da seita, de 42 anos, que vendeu a casa e doou para o grupo. A\n vigilância é outra característica, diz ela. "Minhas duas filhas, de 20 e\n 22 anos, ficaram lá e há dois anos não as vejo." Um médico do Programa de\n Saúde da Família conta que os integrantes não ficam desacompanhados nem durante\n as consultas. \n \n A PF não localizou o pastor Araújo. A suspeita é de que ele esteja\n articulando a expansão da seita para a cidade de Ibotirama (BA). Publicamente,\n o grupo tenta se desvincular do caráter religioso e formou seis associações de\n agricultores. A polícia crê que as entidades, com fazendas arrendadas, sirvam\n como fachada para um esquema de lavagem de dinheiro, supressão de direitos\n trabalhistas e formação de quadrilha. Uma lista com nome dos eleitores fará a\n investigação verificar a possibilidade de manejo político. Dois vereadores da\n região são identificados com a seita. Ex-fiéis afirmam que Araújo os arrebanhou\n em igrejas na Lapa, zona oeste da capital, e Osasco. Os templos mudam\n constantemente de endereço. A PF averigua a existência de um novo na região da\n Sé. \n \n \n \n \n
COMENTÁRIO(S)
Últimas notícias