Quinta-Feira, 18 de Abril de 2024
Política
26/02/2017 09:44:00
Após reforma, Alvorada ganha rede na sacada para proteger Michelzinho

G1/LD

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Para receber a família do presidente da República, Michel Temer, o Palácio do Alvorada passou por pequenas reformas e mudanças na decoração interna, constatou o G1 na última quarta-feira (22), dia em que a visitação pública foi reaberta após quase um ano. Os passeios guiados tinham sido suspensos em março do ano passado por “medidas de segurança”.

Michel Temer, a primeira-dama, Marcela Temer e o filho do casal, Michelzinho, se mudaram para o Alvorada no último final de semana. Antes, estavam no Palácio do Jaburu, residência oficial da Vice-Presidência da República.

Uma das mudanças nas dependências do Alvorada foi a instalação de uma tela de proteção que alcança até o teto da sacada do primeiro andar do prédio, onde fica a área residencial, com o quarto de Michelzinho. A finalidade foi evitar uma queda do menino da sacada. A decoração do palácio ficou mais suave, com cores neutras, como bege, creme, branco, azul e preto.

A família Temer se mudou pouco mais de cinco meses após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, que deixou de morar no Alvorada em 6 de setembro. Desde então, Temer usava o palácio somente para reuniões e jantares com políticos e Marcela, para atividades do programa Criança Feliz, do qual é embaixadora. Nesse intervalo, mesmo com Temer já como presidente, o casal continuou morando no Jaburu.

Antes da chegada da famíla Temer, parte das instalações internas do palácio passou por pintura e foram executados reparos no mobiliário.

De acordo com o diretor do Departamento de Documentação Histórica da Presidência, Antônio Lessa, não houve mudanças na estrutura do prédio porque o imóvel é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Somente parte do mobiliário e de objetos decorativos foram trocados de lugar, sem prejuízo para o acervo presidencial, informou.

A preparação do Alvorada para receber a família Temer custou R$20.279,65, segundo informou o G1 com base em informações obtidas por meio da Lei de Acesso à Informação.

Mudanças no Alvorada

O Palácio da Alvorada tem três pavimentos: térreo, primeiro andar e subsolo. A mudança mais visível é a instalação da rede de proteção na sacada do piso superior, com quatro suítes e outros aposentos íntimos.

Segundo assessores informaram ao G1, a rede foi um pedido de Marcela, como medida de segurança para evitar uma possível queda de Michelzinho. De acordo com Antônio Lessa, o objeto é móvel, preso por ganchos, e a instalação teve o consentimento do Iphan.

No térreo, ficam salões usados pelo presidente da República para compromissos oficiais. Somente nessas salas, Lessa estima que há cerca de dez jogos de sofás (veja no vídeo abaixo).

A maioria agora é nas cores branca, creme e preta, além das cadeiras no tom de azul-marinho no salão de banquetes. Até a permanência da ex-presidente Dilma Rousseff no palácio, havia conjuntos vermelhos e em tons terrosos.

Segundo Lessa, alguns sofás ganharam novos estofamentos devido à sujeira e ao desgaste do tempo – há peças com até 50 anos. Um que era vermelho, por exemplo, virou bege. Outros de cores mais fortes foram realocados para ambientes diferentes e substituídos pelos de cores mais claras.

Houve mudanças também nos tapetes, que não chegaram a ser trocados, mas deslocados de sala para preservar o piso de jacarandá do palácio, uniformizado e encerado.

Embora grande parte das peças continue com detalhes em vermelho vivo pelo fato de a maioria ser de origem oriental, é possível perceber que os de tons mais claros ou vinho predominam.

As modificações, porém, não foram motivadas somente pelas restaurações necessárias. Como os novos moradores do palácio, o gosto pessoal da família Temer foi decisivo para a troca na paleta da decoração, admite o diretor.

“Nesse caso, especificamente, foi uma troca para que nós readaptássemos o palácio à vida do casal presidencial. O palácio ficou desocupado durante um período. Pode-se dizer que sim, [houve] uma alteração ou outra em função de gosto”, afirmou Lessa.

Na entrada do palácio, não houve mudanças. Ao passar pelo espelhos d'água projetados para refletir os traços do prédio e pela escultura "As Iaras", de Alfredo Ceschiatti, o visitante é recebido pelo tapete vermelho da rampa entre paredes douradas de latão ionizado.

Durante a visitação pública, também foi possível observar detalhes do cotidiano da família presidencial. No imenso jardim do palácio, ao lado do campo de futebol e debaixo de uma árvore, por exemplo, foi colocado um pula-pula azul para o filho do casal presidencial, Michelzinho.

No momento em que o G1 participava da visita, na área do jardim um funcionário levava os dois cachorros da família para passear – um Golden Retriever chamado Thor e um Jack Russell chamado Piculy.

Obras de arte devolvidas

A Presidência da República devolveu em dezembro e janeiro ao Museu Nacional de Belas Artes (MnBA), no Rio de Janeiro, 48 obras de arte, entre quadros e mobílias, que estavam expostas em dependências do Alvorada e também do Palácio do Planalto (sede do Poder Executivo, onde o presidente despacha).

Entre as peças que retornaram ao museu, estão trabalhos de artistas como Cândido Portinari, Eliseu Visconti, Alberto da Veiga Guignard, Djanira e Rodolfo Amoedo.

Essas obras de arte haviam sido cedidas à Presidência em regime de comodato (espécie de empréstimo gratuito) e uma parcela delas precisava passar por restauração. Segundo a Presidência, essas obras foram substituídas por outras com o mesmo peso artístico e histórico.

Na visita ao Alvorada, o G1 constatou que uma tapeçaria de Kennedy Bahia e um quadro de Alfredo Volpi, ambos em tons avermelhados, continuam no salão de Estado, assim como a tapeçaria "Músicos", de Di Cavalcanti, na biblioteca presidencial – com acervo de cerca de 3,4 mil livros.

Palácio da Alvorada

Assim como outros edifícios públicos de Brasília, o Palácio da Alvorada foi projetado pelo arquiteto modernista Oscar Niemeyer e inaugurado em 30 de junho de 1958.

O terreno de todo o complexo, que inclui uma capela, se localiza em uma península que divide o lago Paranoá nos bairros do Lago Sul e Lago Norte.

No subsolo, há sala de jogos, auditório com capacidade para 30 pessoas, almoxarifado, despensa, cozinha, lavanderia e a administração do local.

O jardim do palácio tem diversas espécies da flora brasileira, plantadas pelo jardineiro do Palácio Imperial do Japão, Yoichi Aikawa, um lago artificial, emas e papagaios.

A segurança de toda a área é feita pelo Batalhão da Guarda Presidencial e por guardas sob responsabilidade do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).

Visitação pública

A visitação pública e gratuita ao Palácio da Alvorada foi reaberta em 8 de fevereiro, somente às quartas-feiras, a partir das 14h30, com 20 minutos de duração e mediante retirada de senha. Os visitantes são acompanhados por um guia.

Os tours haviam sido suspensos em março do ano passado por “medida de segurança e prevenção de danos ao patrimônio público, devido ao conturbado momento político à época”, informou a Presidência.

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