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ImprimirO centrão avalia alternativas para seu futuro. Aliado de outros tempos, Jair Bolsonaro (PL) será julgado em duas semanas e enfrenta um processo de esvaziamento de capital político.
O que aconteceu
O descolamento entre o centrão e o ex-presidente aparece nas entrelinhas. Ministro da "cozinha" do Planalto no governo Bolsonaro, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) repetiu que defende a anistia, mas avalia que a direita não pode ficar parada.
A opinião dele tem peso. Ciro é copresidente da maior federação do Brasil. O senador afirma que o ideal seria anistia para Bolsonaro poder concorrer, mas sugere que não há tempo para indefinições. "Defendo que o mais rapidamente possível nós possamos definir um quadro que possa nos levar à vitória."
O caminho do centrão deve ser à direita. A avaliação é de ACM Neto, cacique do União Brasil e ferrenho defensor de uma candidatura de oposição ao governo Lula (PT).
A família Bolsonaro ajuda a afastar o centrão. No domingo, o vereador Carlos Bolsonaro chamou de "ratos" e de "oportunistas" os quatro governadores que pertencem ao bloco e são pré-candidatos a presidente. O núcleo duro do ex-presidente entende que está em curso uma "disputa por herança de pai vivo".
Eduardo Bolsonaro contribui para o distanciamento. O deputado endossou as críticas de Carlos. Sua atuação nos Estados Unidos a favor de sanções contra o Brasil tornou uma aliança do centrão com o deputado fora de cogitação neste momento.
Uma liderança do MDB interrompeu a entrevista ao ser questionado sobre Eduardo. "Esse não tem condições", explicou, para dizer que é inviável dar qualquer protagonismo ao deputado nas eleições de 2026.
Caciques do centrão avaliam que o Brasil precisa de um político "equilibrado".
Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) seria o nome adequado para representar os partidos do bloco. Integrantes do Republicanos, União Brasil, PP e até do PT já dão como certo o nome do governador de São Paulo na disputa.
Lideranças do Republicanos ponderam que Tarcísio não pode queimar a largada. Eles defendem que o governador adie o anúncio de que deseja concorrer ao Planalto para não repetir uma estratégia errada do ex-governador João Doria, que se lançou cedo demais e ficou pelo caminho.
O núcleo duro de Bolsonaro considera que Tarcísio já repetiu Doria. Caciques do também avaliam que o governador de São Paulo está se comportando como candidato há meses, mas uma coligação não é descartada.
ACM Neto se nega a comentar a respeito de um Bolsonaro na chapa presidencial da direita. Ele justifica que é preciso escolher um caminho único para a oposição ir unida e justifica que o sobrenome não ajuda a fechar um acordo.
Não significa que a família do ex-presidente não seja bem-vinda. Não há posição fechada sobre não ter alguém da família Bolsonaro concorrendo na chapa presidencial. Mas o acerto deve ser feito noutro momento, ressalta ACM Neto.
Michelle desponta como nome mais forte. Eduardo não voltará ao Brasil e não tem apoio partidário. Flávio não se apresenta como possível candidato.
União e PP também duvidam de Lula. Os dois partidos do bloco dizem não acreditar que o presidente recupere popularidade e desponte como favorito à reeleição.