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Política
10/09/2018 18:18:00
Defesa reforça no STF pedido por Lula após nova carta do comitê da ONU

G1/PCS

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A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que o comitê de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas) apresentou, nesta segunda-feira (10), um novo comunicado em que pede que o petista possa disputar a corrida ao Planalto.

Os advogados já informaram o STF (Supremo Tribunal Federal) sobre a nova manifestação do comitê. Em petição enviada ao ministro Edson Fachin na tarde desta segunda, a defesa de Lula reforça um pedido apresentado na sexta (7), após o ministro ter indeferido um recurso que pedia o afastamento de qualquer impedimento à candidatura do petista.

Usando como base a manifestação do comitê da ONU, os advogados pedem que Fachin reconsidere sua decisão ou que, não a reconsiderando, o recurso seja julgado na próxima sessão da 2ª Turma do STF, que acontece nesta terça (11), tendo em vista a proximidade do prazo final dado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para que Lula seja substituído. O limite é justamente nesta terça.

No STF, tramita ainda um recurso que pede que a coligação formada por PT, PCdoB e Pros possa trocar a cabeça de chapa até o dia 17, limite fixado pelo calendário eleitoral. Além disso, o próprio processo de registro da candidatura de Lula tramita na Corte após ter sido remetido pela ministra Rosa Weber, presidente do TSE.

Os advogados Cristiano Zanin Martins e Valeska Teixeira Martins souberam do comunicado ao saírem para almoçar depois de passarem a manhã na sede da Superintendência da PF (Polícia Federal) com o ex-presidente.

O candidato a vice de Lula, Fernando Haddad (PT), e o advogado eleitoral Luiz Fernando Casagrande Teixeira também participaram do encontro, que deve continuar à tarde para definir estratégias considerando o prazo estabelecido pelo TSE.

"Será comunicado, nos recursos já interpostos, a existência dessa nova decisão proferida pelo comitê, reforçando a obrigação anterior e reforçando o recurso já existente para que o STF assegure a candidatura de Lula", disse Zanin.

Condenado por órgão colegiado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no processo do tríplex, Lula está inelegível com base na Lei da Ficha Limpa. Dos sete ministros do TSE, apenas Edson Fachin disse que a recomendação da ONU deveria ser levada em conta, apesar de concordar com a inelegibilidade.

"O presidente Lula deve concorrer nas eleições segundo uma decisão agora reafirmada do comitê", disse Zanin. "Esperamos que a decisão seja cumprida e que o presidente Lula tenha sua candidatura assegurada."

O comunicado aponta, em inglês, que Brasil não poderia justificar com sua lei interna a recusa para seguir a recomendação feita pelo Comitê. Para o Itamaraty, no entanto, a deliberação "não possui efeito juridicamente vinculante", ou seja, não passa a valer obrigatoriamente. Apesar de o comitê ter um selo da ONU, a determinação dele é independente.

Prazo para definição de chapa

Também nesta segunda, a defesa de Lula, por meio de Casagrande Pereira, apresentou uma nova petição ao STF. Nele, o advogado pede que ao menos o prazo para a troca da candidatura de Lula passe a ser dia 17, limite do calendário eleitoral. Ao mesmo tempo, a defesa ainda verá a tramitação do recurso contra a decisão do TSE de barrar Lula. O ponto é que essa ação provavelmente não teria uma resposta até terça. Por isso, foi apresentada uma petição, que ainda não teve resposta do Supremo.

Em Curitiba, Casagrande Pereira se disse favorável a esperar um posicionamento do STF a respeito da petição e se mostrou esperançoso por uma resposta positiva. Outros membros da área jurídica do PT, consultados pela reportagem, acham difícil uma reviravolta e acreditam que o partido provavelmente irá trocar a cabeça de chapa da candidatura na terça.

Se a troca realmente vier a acontecer, Haddad deverá assumir a chapa tendo como vice a deputada estadual Manuela D'Ávila (PCdoB-RS). Na terça, a Executiva Nacional do PT irá se reunir na capital paranaense para tratar da questão da candidatura.

O comitê havia pedido que o Brasil garantisse a possibilidade de Lula disputar a eleição. A recomendação do parecer, porém, não foi aceita pela maioria dos ministros do TSE que, no último dia 1º, barraram a candidatura de Lula.

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