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Política
05/09/2018 08:19:00
Ex-motorista de Reinaldo recebeu R$ 500 mil em propinas, denuncia Gaeco

O Jacaré/PCS

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Foto: O Jacaré/Arquivo

O policial militar Ricardo Campos Figueiredo, 42 anos, recebeu R$ 500 mil em propinas entre 2015 e 2018, segundo o Gaeco (Grupo de Atuação Especial na Repressão ao Crime Organizado). O ex-motorista do governador Reinaldo Azambuja (PSDB) ainda foi acusado de corrupção passiva, integrar organização criminosa na condição de líder e lavagem de dinheiro.

Preso desde 24 de maio deste ano por obstrução da Justiça, o segundo sargento da PM também teve a prisão preventiva decretada na nova ação penal no último dia 16 pelo juiz Alexandre Antunes da Silva, da Auditoria Militar. Campos é acusado de integrar a organização criminosa formada por policiais militares para dar cobertura à Máfia do Cigarro. Cinco promotores, sendo quatro do Gaeco, assinam a segunda denúncia contra o militar, que tinha cargo de direção na Governadoria e atuava na segurança velada do governador tucano. Antes de ser preso, ele tinha salário mensal de R$ 16 mil.

A Operação Oiketicus, que apura corrupção na PM, já denunciou 28 militares por integrar a organização criminosa e cometer os crimes de corrupção, violação do sigilo funcional, receber vantagens indevidas e facilitação ao contrabando de cigarro.

Ricardo foi preso no dia a operação por obstrução de investigação contra organização criminosa. Conforme a denúncia, ao receber a equipe do Gaeco, o militar se trancou no banheiro e destruiu os dois telefones celulares.

Agora, o Gaeco concluiu a investigação e confirmou o seu envolvimento com a Máfia do Cigarro. De acordo com os promotores, ele usava o acesso ao alto escalão do Governo como segurança do governador, do qual era motorista, para ter posição destacada na suposta organização criminosa.

Campos foi acusado formalmente de ajudar os militares envolvidos com a Máfia do Cigarro a obter transferências e promoções. Em uma das interceptações telefônicas, o Gaeco descobriu que ele tentou indicar o tenente coronel Admilson Cristaldo, então chefe do Batalhão de Jardim, para comandar a Polícia Rodoviária Estadual, considerada estratégica para dar proteção às carretas de cigarro.

O militar seria o interlocutor da Máfia de Cigarros para liberar as cargas apreendidas. Em junho deste ano, policiais de Terenos apreenderam três carretas e foram tratados com desdém pelos motoristas, que garantiram ter o aval do policial “Campos”. Anderson Luiz Balan chegou a revelar para um major de que tudo estava acertado com o militar.

Além do patrimônio a descoberto de R$ 182 mil em 2015, já revelado, a quebra do sigilo bancário do sargento revelou o pagamento de propina por outros integrantes da organização criminosa, segundo o Gaeco.

Os promotores estimam que ele recebeu R$ 500 mil em vantagens indevidas entre o início de 2015, quando o início da atual administração, até abril deste ano. Ele usou o filho e um amigo para ocultar a suposta propina. Os investigadores estimam que R$ 100 mil em vantagens indevidas não transitou na conta do ex-assessor da Secretaria de Governo em 2015.

O tenente coronel Admilson, preso por corrupção e dar cobertura aos contrabandistas, transferiu R$ 10 mil para o sargento em 2015.

Ele recebeu R$ 5 mil de Elisângela Felippi, conivente de outro envolvido com a Máfia do Cigarro, o ex-policial Fábio Costa, o “Pingo”.

Rui da Silva Lima, que teve passagens por contrabando em Goiás, repassou R$ 50 mil. Sileide Pereira dos Santos, dono de uma empresa de transporte em Naviraí, fez o depósito de R$ 5 mil.

O Gaeco ainda identificou 14 depósitos sem identificar os responsáveis, que totalizaram R$ 38,6 mil.

O sargento Campo usou o nome do amigo, o PM da reserva Alli França Belchior, para comprar carros de luxo. Inicialmente, ele comprou um Toyota Corolla, que custou R$ 89,9 mil, sendo que R$ 35,9 mi foram pagos em espécie. Depois, também em nome do colega, comprou uma caminhonete Hilux CD SRV, cabine dupla, por R$ 120 mil.

Ele abriu uma conta corrente em nome do filho, que não possuía renda e movimentou R$ 131 mil entre abril de 2017 e março deste ano. O jovem prestou depoimento ao Gaeco e informou que até os cheques eram assinados pelo pai.

Ricardo Campos teria comprado imóvel de 2,1 hectares no Bairro Chácara das Mansões, em Campo Grande, por R$ 159,9 mil. Ele planejava construir piscina, SPA e uma mansão na chácara, conforme a ação penal.

A denúncia é assinada pela promotora Tathiana Correia Pereira da Silva Façanha e por quatro integrantes do Gaeco – Tiago Di Giulio Freire, Marcos Roberto Dietz, Thalys Franklyn de Souza e Fernando Martins Zaupa.

Eles pedem a condenação do militar pelos crimes de corrupção passiva, organização criminosa na condição de líder e lavagem de capitais. Além da prisão, pedem a perda do cargo de sargento da PM.

O juiz considerou gravíssimas as denúncias e decretou, pela segunda vez, a prisão preventiva de Ricardo Campos Figueiredo.

Preso desde 24 de maio deste ano, ele aguarda o julgamento do mérito do habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça, onde o relator é o ministro Felix Fischer. O TJ e o STJ já negaram a concessão de liberdade.

O Governo do Estado exonerou Campos da função de confiança na Governadoria em maio deste ano. Na ocasião, a assessoria informou a abertura de sindicância para apurar a sua conduta.

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