Sexta-Feira, 26 de Abril de 2024
Política
01/03/2018 17:00:00
Governadores saem frustrados de reunião com Temer

O Globo/LD

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A reunião do presidente Michel Temer como governadores ou representantes de 25 estados, realizada nesta quinta-feira no Palácio do Planalto, deixou parte dos presentes frustrados. O principal resultado foi o anúncio da liberação em cinco anos de R$ 42 bilhões para reequipar as polícias estaduais.

Alguns dos presentes temem ter sido "usados" pelo Planalto, que quer mostrar resultados na área. A avaliação é que a proposta foi uma maneira de conter a pressão de governadores e senadores por um tratamento igual ao dado ao Rio de Janeiro, mas eles consideram que o repasse não resolve os grandes problemas dos estados, como o custeio e a manutenção de presídios.

A maior cobrança foi pela criação de um sistema unificado de segurança, para que União e estados dividam as responsabilidades e recursos para estancar a crise nacional de segurança.

Dos recursos anunciados por Temer para reaparelhamento das polícias nos estados, R$33 bilhões terão que ser buscados pelos governadores no BNDES. A previsão é de liberação de apenas R$5 bilhões para serem divididos entre os 27 estados em 2018. Esses recursos, no entanto, dependem da aprovação da diretoria do banco.

— Isso é nada diante dos graves problemas que enfrentamos. Nosso grande problema é custeio. Esse dinheiro dá para alguma coisa? Dá. Mas outro grande problema é a burocracia do BNDES para essa liberação. Eu esperava muito mais — lamentou um dos governadores presentes à reunião.

Outro governador afirmou que a reunião foi uma tentativa de evitar uma crise maior com os estados:

— Por conta da intervenção no Rio, nos últimos dias houve uma pressão grande de senadores de outros estados para ter tratamento igual. Ano passado o governo federal já deu uma dinheirama para o Rio. Como no PMDB só tem profissionais, resolveram chamar aqui os governadores para evitar uma crise maior com os estados. O receio é que sejamos usados só para uma foto de Temer com os governadores, para mostrar para a população que outros estados, além do Rio, vão ser atendidos — completou outro governador.

Na reunião , além de apresentar o plano de liberação dos R$42 bilhões, Temer falou da criação do Ministério da Segurança Pública, ocupado por Raul Jungman, mas não deu detalhes do plano de intervenção no Rio.

— Todos elogiaram a iniciativa, mas foram unânimes em cobrar a criação do Sistema Unificado de Segurança Pública, para que a União divida com os estados a responsabilidade de custeio e investimento em segurança. E também para endurecer o jogo nas fronteiras para coibir o tráfico de drogas e armas — contou um dos governadores presentes.

O governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria (PSD), afirmou que não é necessário realizar uma intervenção em casa estado, mas cobrou a criação de um "comitê de crise", para avaliar a situação de cada estado.

— Tem que criar um comitê de crise, com representantes da União, dos estados e dos municípios, para ver quais são os próximos passos. Hoje, as facções perderam medo do Estado. Vamos deixar de hipocrisia — afirmou.

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