Quarta-Feira, 24 de Abril de 2024
Política
15/12/2017 17:35:00
Líder da tropa de choque de Cunha, Marun toma posse como ministro de Temer

Congresso em Foco/PCS

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Ao lado de Temer e de Padilha, Marun agora é o terceiro ministro do PMDB na cúpula do Planalto (Foto: Marcos Corrêa/PR)

Um dos principais aliados do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), condenado a mais de 15 anos de prisão na Operação Lava Jato, o deputado Carlos Marun, representante do Mato Grosso do Sul pelo PMDB, finalmente tomou posse, nesta sexta-feira (15), como ministro-chefe da Secretaria de Governo. Membro da tropa de choque do presidente Michel Temer (PMDB) no Congresso, Marun substitui o deputado Tucano Antônio Imbassahy (BA) depois de uma falsa comunicação de posse, por parte do próprio Palácio do Planalto, e um adiamento provocado por motivos de saúde de Temer.

Marun assumiu com discurso sob encomenda para agradar Temer e colocar no foco a principal pretensão do governo, que não tem contido esforços em sinalizar ao mercado que tem condições de aprovar medidas de ajuste fiscal e demais matérias relativas à macroeconomia. “É necessário que haja mudanças, e um dos maiores desafios é a reforma da Previdência. Eu assumo esse desafio diante disso”, afirmou o novo ministro.

Em entrevista exclusiva ao Congresso em Foco publicada em 3 de outubro, Marun reclamou do sai-não-sai do PSDB da base de apoio ao governo e disse que o partido não merece apoio do PMDB nas eleições do próximo ano. “Na outra denúncia, de 48 horas em 48 horas, o partido se reunia para ver se continuava no governo. Não quero esse tipo de parceiro. Vamos ser francos: dos 13 deputados do PSDB de São Paulo, 12 votaram a favor da denúncia.

Será que o governador de São Paulo não podia ter pegado o telefone e ter garantido ao menos cinco votos entre esses deputados? Não posso acreditar que não tenha tido o dedo do governador Alckmin. Ou ele agiu contra nós ou cruzou os braços”, vociferou, referindo-se ao tucano Geraldo Alckmin e à primeira denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Temer, por corrupção passiva, barrada pela Câmara em 2 de agosto.

Referindo-se ao estilo enérgico de Marun na defesa de seus correligionários, o presidente falou por menos de dez minutos e derramou elogios, como é praxe nessas ocasiões, no novo membro da cúpula palaciana e seu antecessor. “Acho que você tem muita energia para isso. Energia física, administrativa, intelectual”, declarou o presidente. “Finalmente, teremos um gigante aqui em favor da Presidência”, acrescentou, em alusão aos quase dois metros de altura do novo ministro.

No afago ao sucessor de Imbassahy, classificou-o como homem de grandes discursos – embora, na verdade, Marun tenha se destacado no Congresso pelos grandes confrontos verbais, alguns aos gritos e recheados de palavras chulas. Em uma delas, em 4 de outubro, protagonizou uma rodada de agressões por ocasião da votação, no plenário da Câmara, de um fundo eleitoral bilionário naquele dia enviado à sanção de Temer.

“Não preciso dizer que é um grande tribuno, um orador valoroso”, discursou o presidente, ressaltando a importância do deputado nas discussões polêmicas na Câmara, como a PEC do Teto de Gastos e a reforma trabalhista. Na menção à reforma da Previdência, Temer fez afago até na imprensa brasileira – desde que assumiu temporariamente, em 12 de maio de 2016, em meio ao processo de impeachment de Dilma Rousseff, a imprensa internacional tem adotado tom ainda mais crítico ao presidente.

“A imprensa apoia fortemente a renovação previdenciária em nosso país”, declarou o presidente, que, recuperando-se de uma cirurgia na uretra, também fez questão de agradecer pelo trabalho da “figura preciosa” de Imbasshy, e fez muitos elogios ao deputado tucano.

Antes de Marun, Imbasshy discursou. Sem menções ao fato de que vinha sendo boicotado na articulação política pelo chamado centrão, agremiação de bancadas que reúne mais de 200 deputados, o tucano se preocupou em deixar uma porta aberta no Palácio do Planalto – ele que pertence ao grupo que defende a aliança com o governo e o PMDB de Temer, tendência tucana que tem entre os próceres o senador Aécio Neves (PSDB-MG), ex-presidente nacional do partido, e o governador de Goiás, Marconi Perillo, que recentemente se lançou à disputa pelo comando da legenda com o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), da turma que deseja o desembarque da gestão peemedebista. Ambos desistiram da eleição em favor de Alckmin.

Com referências ao sincretismo religioso baiano, Antônio Imbassahy fez menção à gestão de “reconstrução nacional” que atribuiu a Temer, agradeceu pela oportunidade de chefiar a articulação “modesta contribuição nesse processo desafiador de reconstrução”.

A posse de Marun foi prestigiada por figuras como os ministros da Fazenda, Henrique Meirelles, da Casa Civil, Eliseu Padilha, e do Meio Ambiente, Sarney Filho; o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB); e o líder do PMDB na Câmara, Baleia Rossi (RJ).

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