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Política
04/07/2017 14:56:00
Moro ouve, mas não questiona testemunhas de defesa de Lula

O Globo/LD

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Quatro representantes de instituições financeiras que participaram da oferta pública de ações da Petrobras em 2010 prestaram depoimento nesta terça-feira ao juiz Sergio Moro, na condição de testemunhas de defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na ação na qual ele responde por supostos benefícios ilícitos recebidos da Odebrecht. Apenas a defesa do ex-presidente fez perguntas. O Ministério Público Federal e Moro não dirigiram qualquer pergunta às testemunhas.

João Paulo Torres, que foi diretor da Merrill Lynch, afirmou que se tivesse sido detectado algum ato ilícito ou de corrupção nos levantamentos feitos na Petrobras ele seria incluído nos relatórios e a operação de oferta de ações "não iria para frente".

Bruno Boetger, que era diretor do Bradesco BBI em 2010, banco que coordenou a oferta, disse que foram contratadas duas consultorias jurídicas para analisar a Petrobras e que foi feita due diligence, processo de investigação dos riscos do negócio, mas não soube informar se foi feita análise da governança corporativa da estatal.

Pérsio Dangot, representante do Citigroup, e Glen Mallett, que atuou na operação pelo Santander, ressaltaram o padrão elevado das análises feitas na empresa durante o processo de oferta de ações.

A defesa de Lula procurou demonstrar que não havia qualquer indicação de corrupção na Petrobras durante o período em que ele foi presidente e, portanto, não teria como saber sobre atos ilícitos praticados pelos diretores da estatal.

O Ministério Público Federal acusa Lula de ter coordenado a organização criminosa formada em torno da Petrobras, que implantou pagamentos de propina destinada a políticos, vinculados a contratos da estatal.

Nesta ação, os procuradores acusam Lula de corrupção e lavagem de dinheiro por um prédio comprado pela DAG, uma das parceiras da Odebrecht, por R$ 12 milhões, não usado pelo Instituto Lula por considerar o local inadequado. Os advogados do ex-presidente apresentaram o estatuto do Instituto Lula, no qual mostra que o ex-presidente não responde solidariamente aos atos da ONG, sem fins lucrativos. Segundo o empresário Marcelo Odebrecht, o valor do imóvel foi debitado da conta de propina destinada ao PT e que, como o prédio não foi aceito, a quantia teria sido creditada novamente.

Outra vantagem indevida seria a compra da cobertura vizinha ao apartamento de Lula em São Bernardo do Campo. Quando Lula era presidente, o imóvel foi alugado pela Presidência para abrigar a segurança presidencial quando ele estava em São Paulo. No fim de 2010, a cobertura foi comprada por Glauco Costamarques, primo do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula e já condenado na Lava-Jato. O MPF descobriu créditos da Odebrecht na conta de Costamarques. A defesa de Lula afirmou que o imóvel é alugado, mas não apresentou recibos de pagamento.

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