Governador abandona segurança pública do Estado e vai pegar holofotes do Governo Lula

O governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PP), vai participar de reunião entre os principais articuladores de um movimento que pretende unificar pautas da direita na área de segurança pública, com reflexos diretos no embate eleitoral contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2026.

Riedel é um dos oito governadores convidados pelo catarinense Jorginho Mello (PL) para uma reunião no Rio de Janeiro, nesta quinta-feira (31), com o governador Cláudio Castro (PL). O encontro ocorre após a megaoperação fluminense que resultou em mais de cem mortos e repercussão nacional. O objetivo é demonstrar apoio político à ação policial e unificar demandas.

As discussões, segundo lideranças do grupo ouvidas pela Uol, terão dois eixos prioritários: mobilidade interestadual de efetivos policiais para reforçar ações coordenadas; e suporte a um projeto que enquadra facções criminosas como organizações terroristas, hoje em análise na Câmara dos Deputados.

A movimentação é vista como uma tentativa da direita de assumir a liderança da segurança pública no debate nacional — área historicamente sensível e central na definição de votos.

Parlamentares do PL, como Sóstenes Cavalcante, afirmam que há “vácuo de coordenação federal” e que os governadores assumirão esse espaço. Riedel, que comanda um estado-fronteira estratégico para o combate ao tráfico de armas e drogas, é um dos que defendem integração nacional fortalecida.

Além de Riedel, foram chamados Romeu Zema (Novo-MG), Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Ronaldo Caiado (União-GO), Ratinho Jr. (PSD-PR), Eduardo Leite (PSD-RS) e a vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão (PP). Estados governados pela esquerda, sobretudo do Norte e Nordeste, ficaram fora da agenda.

2026 no horizonte

Líderes da direita reconhecem que segurança pública será um dos principais temas da campanha presidencial. O senador Rogério Marinho (PL-RN) afirma que 2026 “será a eleição das comparações” entre resultados.

No Palácio do Planalto, a leitura é de que Castro e aliados tentam transformar operações policiais em palanque e tensionar a relação com Lula, especialmente após deslize do presidente que colocou traficantes como vítimas da sociedade e precisou se retratar. Já governistas lembram que a segurança é responsabilidade compartilhada entre União e estados.

Pré-candidato à reeleição, Riedel passa a circular entre os nomes que buscam protagonismo político na oposição. Seu discurso técnico, focado em resultados e parcerias federativas, é avaliado por aliados como um diferencial caso o debate evolua para chapas ou alianças em 2026.

Além disso, Mato Grosso do Sul é faixa de fronteira com Paraguai e Bolívia — rota estratégica para tráfico de drogas e armas que abastecem facções criminosas em vários estados brasileiros.

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