Terra/PCS
ImprimirAs gigantes americanas da tecnologia Apple, Alphabet (dona do Google), Microsoft, Amazon e Facebook são as cinco maiores empresas do mundo em valor de mercado. Mas esse domínio crescente alimenta preocupações sobre concorrência e privacidade.
Será, então, que órgãos reguladores estariam prestes a ficar mais rígidos em suas medidas?
As ações da Amazon e da Alphabet, por exemplo, superaram a marca de US$ 1 mil neste mês, o sinal mais recente do poder dessas empresas.
Estima-se que neste ano o Google irá concentrar 40% das receitas globais da publicidade digital. A Amazon se encaminha para abocanhar metade das vendas online dos EUA até 2021, de acordo com ao menos um analista.
Enquanto investidores festejam essa ascensão, há também apreensão sobre a concentração de poder nas mãos dessas gigantes tecnológicas.
Órgãos de regulação nos EUA ficaram muito atrasados em relação aos europeus quando o assunto é reprimir o comportamento anticompetitivo, mas Jonathan Kanter, um advogado antitruste baseado em Washington, diz que as atitudes podem estar mudando.
As pessoas estão se perguntando se ferramentas e princípios usados anteriormente são os certos para se continuar empregando. Certamente, muitas pessoas defendem alguma mudança", diz.
O poder dos dados
John Kwoka, professor de Economia da Northeastern University, em Boston, diz acreditar que medidas mais rígidas sobre fusões e aquisições não serão necessariamente suficientes para combater o poder de gigantes como a Amazon.
Essas empresas também ganham força, afirma Kwoka, à medida que analisam grandes volumes de dados de usuários e moldam o fluxo de informações, controlando o acesso do consumidor a outras empresas por meio de suas plataformas.
"Elas dirigem as escolhas e fazem isso de forma a causar efeitos mais amplos na economia", diz o professor.
Lina Khan, pesquisadora do centro de pesquisas New America, publicou um artigo sobre a Amazon no início deste ano.
No texto, ela afirma que há empresas de tecnologia que contornam as regras da concorrência, e menciona a batalha da Amazon contra o Diapers.com - revendedor de produtos para bebês. A Amazon baixou deliberadamente os preços nesse setor, prejudicando a empresa para depois adquiri-la.
Mas há sinais de que políticos e reguladores estejam mais atentos a esses riscos.
Neste semestre, o Congresso dos EUA se mobilizou para desmantelar leis da gestão Barack Obama que protegem a privacidade dos dados do consumidor.
Pouco depois, um grupo de congressistas republicanos apresentou uma proposta mais ampla que exigiria que empresas como Google e Amazon - além dos provedores de internet tradicionais - solicitem permissão aos usuários antes de compartilharem seus dados.
Liderança europeia
Os Estados Unidos poderiam adotar uma abordagem mais dura de regulamentação, como a Europa?
Em 2013, a Comissão Europeia multou a Microsoft por tratamento preferencial ao seu próprio navegador, o Internet Explorer. Neste ano, multou o Facebook pelo fornecimento de informações "incorretas ou enganosas" durante a aquisição do serviço de mensagens WhatsApp.