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Tecnologia
15/04/2018 10:23:00
Netflix não cede a Cannes e retira produções originais da competição
Diretor de conteúdo da plataforma criticou regras rígidas da competição e confirmou que nenhuma produção Netflix estará no prestigiado festival de cinema deste ano

IDGNow/PCS

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A Netflix não participará da 71ª edição do prestigiado Festival de Cinema de Cannes, que acontece entre os dias 8 e 19 de maio. A notícia foi confirmada pelo diretor de conteúdo da Netflix, Ted Sarantos, em entrevista à Variety. O motivo da ausência da plataforma de streaming vai de encontro ao rígido regulamento do evento francês, que estipula regras de exibição que "brigam" com o modelo de negócios da Netflix.

Nesta edição, ao contrário do que aconteceu no ano passado, nenhum filme original da plataforma participará da mostra. Em 2017, duas obras produzidas pela Netflix foram exibidas por lá, "Okja", de Bong Joon-ho, e "The Meyerowitz Stories", de Noah Baumbach. Entretanto, na ocasião, a participação da companhia foi duramente criticada por cineastas como Pedro Almodóvar e Steven Spielberg, que argumentaram que um filme não estreado nos cinemas não poderia disputar uma Palma de Ouro.

Em entrevista à Variety, Sarandos critica a nova regra imposta pelo festival que impede a participação de filmes que não foram exibidos nos cinemas da França. “O festival optou por celebrar a distribuição em vez de celebrar a arte do cinema. Estamos 100% com a arte do cinema. E aliás, todos os outros festivais do mundo também”, disse Sarandos na entrevista.

O regulamento francês, para todos os efeitos, briga com o modelo de negócios de plataformas como a Netflix. Isso porque exige que, além de estrear produções nas salas francesas de cinema, que se respeite um prazo de 36 meses para que estejam disponíveis em streaming.

A lei francesa ainda estipula que sejam cumpridas uma série de janelas de exibição: devem transcorrer quatro meses para que um filme possa ser lançado em DVD ou em vídeo on demand, 10 para que chegue à televisão, e três anos para a Internet.

Muitos especialistas da indústria criticam a engessada regulação francesa, considerada arcaica para o modelo de negócios que se criou hoje em dia, protagonizado pela Netflix e Amazon. Ted Sarantos disse que não irá ao festival de Cannes, mas que outros executivos da companhia passarão pelo tapete vermelho.

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