Sheila Forato
ImprimirO coração do coxinense Márcio de Melo Silva, de 35 anos, foi para São Paulo, na tarde desta sexta-feira (06) para salvar a vida de um homem, também de 35 anos, que aguardava na fila nacional de transplantes.
Foi uma corrida contra o tempo, pois um coração fora do corpo sobrevive em média quatro horas. Para que tudo desse certo foi necessária agilidade da equipe médica do Instituto do Coração, assim como a rapidez da Santa Casa, com apoio da secretaria de Estado de Saúde de São Paulo.
O diretor técnico da Santa Casa, Mário Madureira, disse ao Midiamax que uma equipe do hospital está em treinamento e acompanhou todo o procedimento de captação do órgão para uma possível cirurgia feita por um time regional.
“Nossa última captação de coração foi realizada há um ano e meio atrás, estamos em processo para recredenciar a Santa Casa na realização do transplante de coração”, comentou. Madureira acrescentou que o centro cirúrgico do local foi reformado e hoje oferece uma estrutura mais adequada tanto para os médicos como para os pacientes. O hospital realiza transplante de rim e córnea.
Ronaldo Honorato, cirurgião cardiovascular que faz captação de corações para transplantes no Incor contou, também ao Midiamax, que já realizou mais de 300 cirurgias para a retirada do órgão.
“Ocorreu tudo bem, a operação durou 40 minutos e agora temos que ser rápidos pois o coração aguenta algumas horas fora do corpo. Nós agradecemos em especial a família do doador por esse ato de amor e altruísmo, também digo que a ação foi possível pela boa estrutura do hospital. Semana passada estive na cidade de Três Lagoas captando outro coração, é uma corrida contra o tempo que salva vidas” declarou.
Silva morreu na madrugada de quinta-feira (05) na Santa Casa de Campo Grande. Ele morreu em decorrência de um tombo que sofreu em Coxim, na terça-feira (03). Segundo o boletim de ocorrência, a vítima caiu de um andaime de aproximadamente quatro metros enquanto pintava uma igreja de Coxim.
Socorrido pelo Corpo de Bombeiros, ele foi levado para o Hospital Regional Álvaro Fontoura e transferido para a Capital, devido a gravidade dos ferimentos. Ele teria sido diagnosticado com traumatismo craniano encefálico. “Não é um momento fácil, mas estou de certa forma feliz. Ele sempre falava que gostaria de doar os órgãos, e uma vez numa conversa casual ele me disse que caso viesse a falecer primeiro do que eu, que era para eu doar o coração dele, dessa forma o coração permaneceria vivo e continuaria me amando. É muito bom saber que ele vai poder ajudar alguém que está precisando”, desabafou a esposa Clarisse Fernandes, de 37, mãe de um garoto de 9 anos, filho dessa união.