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Meio Ambiente
03/09/2012 09:00:00
A imbecilidade das queimadas
Também está registrada como sinônimo de “covardia”. Entende-se que talvez este último sinônimo expresse bem o que significa a imbecilidade das queimadas.

Por Gerson Luiz Martins (*)

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A palavra “imbecilidade”, grafada desta forma nos principais dicionários de língua portuguesa, é sinônimo de tolice, estupidez e é descrita como “retardo \n mental em que o nível intelectual do individuo corresponde ao de uma \n criança entre três e sete anos”. Também está registrada como sinônimo de\n “covardia”. Entende-se que talvez este último sinônimo expresse bem o \n que significa a imbecilidade das queimadas.\n \n O problema no entanto, para quem usa desse artificio para \n “renovar” seus campos, reside num grave problema de educação. Todos os \n anos campanhas e mais campanhas de prevenção das queimadas, dinheiro e \n mais dinheiro investidos nessas campanhas, tal como as campanhas contra o\n consumo de álcool antes de dirigir, não encontnram resposta, eco na população. Se todo esse trabalho, todo esse gasto em \n campanhas não resultada em atitudes saudáveis, é porque o problema é \n mais grave e está num processo de educação precário.\n \n A cada ano, todos sabem, o estado enfrenta um período longo de \n estiagem entre os meses de agosto e setembro. A cada ano inúmeros órgãos\n públicos gastam parte de seus orçamentos em campanhas educativas que \n não logram êxito. Ou essas campanhas são deficientes, mal planejadas e \n mal executadas, ou o nível educacional dos sujeitos objetos das \n campanhas não a compreendem, não se importam com as mensagens ou \n simplesmente ignoram!\n \n O fogo, elemento divinizado pelos povos primitivos e, portanto, tem \n seu valor simbólico incontestável, é inimigo público num período de \n estiagem. Na Espanha, neste período, em pleno verão no hemisfério norte,\n se gasta fortunas para controlar inúmeros incêndios que ocorrem nas \n zonas florestais. O mais recente, nas Ilhas Canárias, em La Gomera, \n consumiu mais de 4000 hectares de mata e provocou o desalojamento de \n mais de 5000 pessoas, centenas de famílias e perdas humanas e materiais \n irreparáveis. Um outro grande incêndio ocorreu, no final de julho, na \n região da fronteira entre Espanha e França próximo ao Mediterrâneo. É \n desolador observar quilômetros e quilômetros de mata queimada, \n destruída. Esta visão se pode comparar com as dezenas de quilômetros \n pelas estradas na região do Semiárido brasileiro. Animais mortos, \n plantações destruídas, trabalho e anos de vidas consumidos pelo fogo.\n \n Os incêndios, as suas consequências não se limitam às áreas\n de queimada. Neste período de estiagem, provocam danos às populações \n urbanas e chegam a Campo Grande onde aumenta a sensação térmica e provoca inúmeras doenças respiratórias.\n \n E por que, apesar de todos esses malefícios, ainda se continua a \n utilizar uma prática de renovação de pastagens da “idade média”? Parece \n haver apenas duas respostas. Primeiro, como foi mencionado, um problema \n educacional, seja no aspecto do conhecimento formal e tudo o que envolve\n as consequências das queimadas, seja na simples ignorância das inúmeras\n campanhas educativas, como o não entendimento ou o não conhecimento das\n mesmas. E em segundo, reside na imbecilidade. Por certo, esta ultima \n resposta não pode ser admitida, pois se compreende que haja conhecimento\n de técnicas primitivas de renovação de pastagem, embora primitiva, mas \n técnica. E toda técnica requer conhecimento.\n \n E as queimadas urbanas? O que dizer de centenas de pessoas que fazem \n fogo para queimar os restos de lixo, de mato seco quando limpam suas \n casas e terrenos? Essas mesmas pessoas que sofrem, cotidianamente, com \n um clima mais seco, com névoas densas de fumaça! No entanto, e isso pode\n ser observado nos inúmeros bairros da cidade, continuam na queima dos \n restolhos de vegetação seca.\n \n Comparado com as situações de queimadas, incêndios que se alastram em\n toda a Espanha e os danos causados às milhares de pessoas, no \n patrimônio público e privado, é urgente medidas educacionais eficazes \n para eliminar definitivamente o uso das queimadas na agropecuária e \n penalizar as pequenas queimadas urbanas. Uma educação formal como \n processo de conscientização para acabar com as queimadas demanda um \n longo prazo. Neste caso, é necessário um procedimento de curto prazo e \n ações educativas que, além de promover a conscientização da população, \n possa penalizar o uso das queimadas.\n \n Quanto a imbecilidade das queimadas, lamentavelmente, pouco se pode \n fazer quando esta imbecilidade está instalada no agente que provoca a \n queima. E mesmo assim, se entende que há procedimentos, também \n educativos, que podem minimizar essas atitudes.\n \n (*)Gerson Luiz Martins é jornalista e pesquisador do PPGCOM e CIBERJOR/UFMS\n www.ciberjornalismo.net.brDo CGNews
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