Dizem que não temos o que fazer quando chega a nossa hora, mas, não podemos negar que a morte traz algumas reflexões, principalmente, quando ela chega para uma criança, como o Yan Pedro Amaro Silva, de apenas 9 anos, morador do bairro Nova Coxim, em Coxim.

É inevitável que diante de uma tragédia com resultado morte a gente comece a questionar: “e se?”. Yan morreu precocemente a caminho de Rio Verde, numa das inúmeras viagens em busca do diagnóstico do TEA (Transtorno do Espectro Autista). Ele viajava de ônibus para Rio Verde quando teve a cabeça atingida por uma peça que se desprendeu de um caminhão.

A morte do Yan, dois dias depois do acidente, trouxe a seguinte reflexão: E se Coxim ofertasse esse serviço?

Há mais de um ano a Prefeitura de Coxim não tem neuropediatra para atender os casos suspeitos na rede municipal. Dezenas de crianças aguardam pelos laudos para que suas famílias travem a segunda luta, o acesso as terapias. Enquanto isso o tempo passa e a chance de melhora de cada uma dessas crianças diminui.

Algumas mães atípicas conseguem laudos pela via particular, porém, elas são poucas, justamente pela falta de condições financeiras. Cleidiane Prudêncio conta que teve de desembolsar R$ 800,00 para a consulta, mais custos de viagens para Campo Grande, exames essenciais e complementares. Até que o diagnóstico do filho de 2 anos veio.

No laudo consta a necessidade da criança fazer pelo menos cinco terapias. Até o momento, Clediane só conseguiu professor de apoio no Centro de Educação Infantil e consultas com a psicóloga. Ela teve de recorrer ao MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) para que a Prefeitura arque com todas as terapias necessárias para que o filho apresente melhoras e tenha, consequentemente, qualidade de vida.

O Yan não precisa mais de laudo, nem de terapia. Para ele e sua família basta orações. Entretanto, pelo menos 50 crianças de Coxim aguardam por consultas especializadas, laudos e, posteriormente, pelas terapias, caso o TEA seja confirmado. Em memória de Yan e em consideração a dor dessa família, que a Prefeitura contrate, de preferência de forma emergencial, um neuropediatra para atender a demanda de Coxim.

Yan merecia mais do que uma nota de pesar...