Folha/PCS
ImprimirDuas semanas após a apreensão da Polícia Federal, os R$ 51 milhões achados em um apartamento em Salvador seguem oficialmente sem dono.
Preso três dias depois da descoberta do dinheiro, o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) não confirma nem nega a posse das malas e caixas de dinheiro apreendidas.
A PF identificou digitais do ex-ministro do dinheiro, e o dono do apartamento confirmou que havia emprestado o imóvel ao peemedebista.
A situação do ex-ministro deve ficar ainda mais complicada com o provável depoimento de seu ex-assessor Gustavo Ferraz, também preso pela Polícia Federal.
A defesa de Ferraz solicitou uma audiência de custódia ao juiz Vallisney de Souza Oliveira, mas ainda não obteve resposta.
"Ele está disposto a colaborar com a Justiça", disse Pedro Machado de Almeida Castro, responsável pela defesa de Ferraz.
No primeiro depoimento à PF, Ferraz confirmou que transportou dinheiro de São Paulo para Salvador a mando do ex-ministro.
A defesa ainda ingressou com pedido de habeas corpus no TRF (Tribunal Regional Federal) e STJ (Superior Tribunal de Justiça) –o primeiro foi negado e o segundo ainda será analisado.
"Consideramos a prisão absurda", disse Almeida Castro, que aguarda uma decisão final sobre a competência do processo. A investigação foi remetida para o STF (Supremo Tribunal Federal) por suspeita de participação do deputado federal Lúcio Vieira Lima (PMDB).
A defesa de Geddel afirma que só se manifestará quando tiver acesso aos autos e aos elementos de prova citados no decreto que determinou a prisão do ex-ministro.
POLÍTICA
Enquanto prepara sua defesa jurídica, no mundo político a situação de Geddel é vista como incontornável.
Desde a descoberta do dinheiro, o clã Vieira Lima silenciou. O deputado Lúcio Vieira Lima, irmão de Geddel, ficou duas semanas sem ir à Câmara.
Cancelou todos os seus compromissos públicos e deixou de fazer postagens em redes sociais.
Nesta terça-feira, reapareceu na Câmara mas evitou falar do assunto. Disse que tanto ele como o irmão se manifestariam apenas pelos autos do processo.
Em meio ao silêncio de Geddel, aliados trocaram a defesa enfática do ex-ministro por um tom de cautela e defesa das investigações.
Tratam os R$ 51 milhões encontrados como um problema pessoal de Geddel. Mas evitam dar passos que possam soar como um confronto ao ex-ministro da Secretaria de Governo.
O ex-ministro foi suspenso do PMDB por 60 dias. Mas, oficialmente, continua como presidente licenciado do partido da Bahia.
Por outro lado, deputados e prefeitos do partido falam em "oxigenação" e se movimentam para atrair novos quadros para o PMDB.
"O partido não vai fechar as portas para ninguém. Mas a vinda de qualquer pessoa para o partido não será condicionada a assumir o comando", declara o deputado estadual Pedro Tavares, presidente interino do PMDB baiano.