"Agora\n tenho meus 14 netos comigo. A cadeira dele e os porta-retratos deles que\n estavam vazios, já não estão mais. Eu vou abraçá-lo e quero olhar bem para ele.\n Já me disseram que parece com a gente, os Carlotto", disse a avó, que tem\n 83 anos, diante das câmeras de televisão.\n \n A\n presidente da entidade é conhecida pela luta na busca de filhos de\n desaparecidos políticos e, como recordou, ajudou a "recuperar" 113\n outras pessoas sequestradas e entregues a outras famílias ainda bebês durante a\n ditadura argentina (1976-1983).\n \n A\n organização costuma veicular anúncios nas emissoras de rádio e de televisão e\n no jornal Página 12 dizendo, geralmente, que se a pessoa tem dúvidas\n sobre sua identidade que procure o local e realize o exame de DNA. \n \n Banco genético\n \n A\n "Avós da Praça de Maio" possui um amplo banco de dados genéticos de\n familiares das vítimas da ditadura. Foi a partir desta base de dados que os\n demais bebês separados dos pais biológicos – e agora com mais de 30 anos –\n foram localizados.\n \n "Ainda\n temos mais de 400 para serem localizados.", disse a vice-presidente da\n entidade, Rosa Roisinblit, de 95 anos, sentada ao lado de Estela Carlotto. O\n neto de Rosa foi "recuperado", como elas dizem, no ano 2000.\n \n Nesta\n terça, Estela de Carlotto contou que quando a filha desapareceu em 1978, ela\n não sabia que a garota estava grávida. Só soube muito depois.\n \n "Hoje,\n é um momento sonhado. O nome dele é Guido como o pai. Meu neto certamente\n nasceu onde minha filha esteve (detida) e a história revelará a ação destes\n genocidas", disse Estela.\n \n Segundo a\n agência de notícias Telam, o nome dele hoje é Ignacio Urban mas que já\n está sendo chamado de Guido Carlotto. \n \n Ela\n afirmou ainda que Laura e Guido, os pais do jovem agora identificado, eram do\n grupo político Montoneros. Segundo historiadores, o grupo era formado por\n opositores à ditadura e seus integrantes eram criticados por setores políticos\n que os acusavam de luta armada.\n \n A avó\n lembrou ainda que o corpo da filha lhe foi entregue e que ela sabia que o neto,\n filho de Laura, estava vivo. "O que todas as avós queremos é que estas\n histórias nunca mais se repitam. Aqui comigo estão avós com muitos anos que continuam\n buscando seus netos."\n \n Ela disse\n ainda que seu neto mora com uma jovem, não tem filhos e cresceu com uma família\n simples em uma área rural.\n \n Olhos marejados\n \n A\n presidente da Avós da Praça de Maio disse que ele falará à imprensa quando\n tiver vontade e pediu que respeitassem os prazos e a privacidade dele.\n "Ele nos buscou. E me disseram que ficou surpreso ao saber hoje, quando\n saiu o resultado, que é meu neto.", disse com olhos marejados.\n \n Na\n entrevista à imprensa, rodeada por outros jovens que foram criados por outras\n famílias, e que também tiveram a identidade confirmada no banco de dados da\n entidade, ela contou que a presidente Cristina Kirchner ligou para ela e que\n "as duas choraram."\n \n Quando\n questionada sobre o que dizer às outras avós que ainda buscam seus netos, ela\n respondeu: "Que assim como os buscamos, eles também nos buscam".\n \n Estela\n afirmou que queria "compartilhar com todos a alegria enorme" e que\n acredita que Laura, "assassinada pelos genocidas, estava sorrindo do\n céu".\n \n "Buscamos\n os netos e hoje meu neto. E um prêmio para todos. Guido é um artista, um bom\n menino. Aconteceu o que dizíamos, que eles iriam nos buscar assim como nós os\n buscamos. E hoje me disseram que ele é meu neto em 99,9%".\n \n Clarín\n \n Recentemente,\n Estela estava na expectativa de que um dos filhos adotados da empresária\n Ernestina de Noble, do grupo de imprensa Clarín, fosse Guido.\n \n Após\n exames de DNA os dois jovens, uma mulher e um homem, não foram identificados\n entre os familiares das vítimas de desaparecidos políticos.\n \n Integrante\n da Conadep (Comissão Nacional sobre o Desaparecimento de Pessoas) e mãe de um\n desaparecido politico, a ex-senadora Graciela Fernández Meijidi disse nesta\n terça. "É uma pena que algo tão terrível, que marcou a vida de todos nós,\n ainda não conte (entre os acusados) com um só arrependido por estes fatos\n tenebrosos."\n \n \n