EC/PCS
ImprimirO ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, preso desde novembro de 2016 e condenado a quase 200 anos de prisão por comandar um esquema de propinas no governo do Estado do Rio, afirmou em depoimento à Justiça Federal nesta quinta-feira, 23, que, durante sua gestão, manipulou a licitação para escolha das empresas que prestariam serviço ao Rio Poupatempo, para beneficiar o empresário Georges Sadala.
Em troca, disse ter recebido propina de R$ 1,5 milhão, maior do que a estimada pelo Ministério Público Federal. A ação do MPF fala em propina de R$ 1,3 milhão. Houve essa propina, mas na verdade foi de R$ 1,5 milhão", disse Cabral.
O ex-governador prestou depoimento ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Criminal Federal do Rio de Janeiro, em processo relativo à Operação Cest Fini, realizada em novembro de 2017.
Cabral afirmou que, como pagamento por outros benefícios ilegais recebidos, Sadala também pagou viagens e hospedagens ao ex-governador. A dupla seria até sócia em dois imóveis no Rio: "Há duas situações de propriedades minhas frutos de outros negócios com Georges Sadala. Um em Ipanema, em nome dele, um terreno próximo à Rua Vinícius de Moraes e à Barão da Torre. Não foi construído nada até hoje. A previsão era construir um prédio de quatro andares. E também de um prédio comercial que compramos na planta, na Barra", contou Cabral a Bretas.
O ex-governador disse que sua parte nesses imóveis vale aproximadamente R$ 6,5 milhões. Durante o depoimento, a defesa de Sadala perguntou a Cabral se havia algum contrato em que ele figurava como um dos donos desses terrenos, e o ex-governador disse que não. "(Era) na base da confiança recíproca", respondeu.
Resposta
Na mesma audiência, depois de Cabral, também prestou depoimento o empresário Sadala. Ele disse estar "estarrecido" com a afirmação de Cabral de que pagou R$ 1,5 milhão em propina. Depois, questionado pela própria defesa se divide com Cabral a propriedade dos dois imóveis citados, Sadala foi categórico: "Meu Deus do céu, impossível".
Sadala afirmou que nem tem mais o imóvel na Barra da Tijuca, porque não foi entregue pela construtora e acabou permutado por apartamentos em São Paulo.