Terra/LD
ImprimirNesta semana, a pedagoga Gaabriela Moura escreveu um texto em seu perfil do Facebook em que se posiciona a favor da descriminalização do aborto no Brasil. Até aí, tudo normal. O surpreendente é que, em poucas horas, suas palavras foram "curtidas" e compartilhadas por milhares de internautas - que admiraram o fato de ela defender tal posição estando grávida de sua segunda filha.
Na publicação, a jovem contou que passou pela experiência da gestação por duas vezes, sendo que a primeira não foi planejada. Mesmo assim, de acordo com ela, ambas foram "muitíssimo desejadas e apoiadas" por seu companheiro e por sua família. Isso, no entanto, não a impede de maneira alguma de ser "solidária" a suas "irmãs" e nem de saber respeitar as escolhas de todas.
"As minhas gestações são as minhas gestações, jamais poderia embasar decisões de mulheres, essas que suas histórias não conheço, essas que seus desejos não conheço, essas que suas dores e delícias não conheço, por minhas experiências felizes na gestação e maternidade. Estou ao lado dos direitos reprodutivos das mulheres", escreveu.
"Eu sou TOTALMENTE favorável à descriminalização do aborto, ao respeito às mulheres e suas escolhas e seus corpos. Sou inteiramente solidária às minhas irmãs que são massacradas, estupradas, culpabilizadas por suas gestações, culpabilizadas pela interrupção destas gestações, caso tenham esses filhos, sofram violência obstétrica, sejam culpabilizadas por péssimas condições físicas e emocionais, rechaçadas no trabalho, crucificadas nos meios conservadores e, muitas vezes, sobretudo se forem negras e pobres, mortas sangrando na mão de um sistema cruel, ao coro de comemorações, em um Estado que tem por dever ser LAICO, ou seja, não deve embasar suas políticas públicas em aspectos religiosos. Mulheres casadas abortam, cristãs abortam, prostitutas abortam, mulheres de mais de 40 anos, mulheres de menos idade abortam e eu jamais vou usar a minha gestação contra elas. Solidariedade às minhas irmãs mulheres", completou.
Na manhã desta quinta-feira, o texto - publicado dois dias antes - havia sido curtido por mais de 30 mil pessoas e compartilhado 7 mil vezes.
Repercussão
A maioria dos internautas que comentaram o texto elogiaram a atitude da jovem. "Você é completamente admirável, com toda certeza é uma MULHER com todos os sentidos que carrega esse gênero! Parabens pelo seu dom, sabe nos representar lindamente ", disse uma garota. "Parabéns pelas sinceras palavras e por fazer com que todas nós e nossos companheiros, familiares, acordem para nossa realidade!!! 'Tô' muito feliz por você estar fazendo história de uma forma tão maravilhosa e singela. A Flor e a Nalu com certeza estão orgulhosas de você, assim como todos nós", afirmou outra, citando os nomes de suas filhas.
No entanto, outros poucos aproveitaram a situação para reproduzir argumentos que costumam ser usados por aqueles que se posicionam contra a descriminalização. "Cara, se fez e engravidou, agora aguenta! Pensasse nisso na hora de fazer sem camisinha/pilula. Muito fácil simplesmente abortar. É uma vida", comentou uma mulher. "Sinceramente continuo sendo contra o aborto. É seu direito lutar para discriminação do mesmo assim como é meu direito defender aquilo que acredito, a vida. A mulher violentada ou que não possua condições financeiras para ficar com seu bebê pode colocá-lo para adoção. Nada nunca em minha concepção vai constituir se em um motivo para matar uma criança", escreveu outra.