Brasil
05/08/2012 10:47:05
IstoÉ: "não vai dar em nada", diz secretária testemunha de mensalão
A secretária que pela primeira vez revelou os nomes e a atuação dos principais envolvidos no Mensalão vive reclusa no interior paulista, não crê na condenação dos acusados, mas afirma que denunciaria novamente seu ex-chefe Marcos Valério
IstoÉ/PCS
ImprimirA secretária que apontou os caminhos do mensalão vive hoje numa chácara, estuda biologia por conta própria e cuida da casa e do novo marido
Ela trabalhava nas agências de Marcos Valério e em entrevista\n concedida à revista ISTOÉ Dinheiro relatou como José Dirceu, Delúbio Soares,\n Sílvio Pereira e José Genoino, dentre outros, se relacionavam com o\n publicitário.
Afirmou ter visto malas de dinheiro saindo do escritório da\n SMPamp;B, em Belo\n Horizonte, para os vários destinos indicados pelos líderes\n petistas. Na Polícia Federal e na CPI dos Correios, Karina reafirmou o que\n dissera à revista e seus depoimentos foram fundamentais para a descoberta do\n modus operandi do valerioduto.
Na tarde da quinta-feira 2, enquanto milhões de\n brasileiros assistiam pela tevê ao início do julgamento do mensalão, no\n interior de São Paulo, Karina acompanhava os debates no STF sem muito\n entusiasmo. Isso não vai dar em nada, disse, incrédula. Passados sete anos do\n escândalo, a secretária do mensalão, como ficou conhecida, recusa o título de\n garota nacional que lhe atribuíram por ter tido a coragem de denunciar o\n próprio chefe e por ter sido convidada a posar nua para uma revista masculina.
Aos 39 anos, mais introspectiva, econômica nas palavras, voz baixa e delicada,\n ela evita a imprensa, diz-se totalmente decepcionada com a política. Mas\n qualquer que seja o resultado do julgamento, a cultura da corrupção no Brasil não\n mudará. Não adianta, a população é ignorante politicamente, afirma ela.\n Aconteceu tudo aquilo e boa parte dos políticos envolvidos com o esquema\n continua no poder, lamenta.Karina, no entanto, não se arrepende das denúncias\n que fez. Ela admite que sua atitude lhe trouxe muito prejuízo pessoal. Estou\n desempregada até hoje, conta.
A vida da ex-secretária, de lá para cá, teve\n outros momentos de turbulências. Ela teve o pai assassinado dentro de casa\n durante um assalto, foi ameaçada de morte, separou-se do marido e respondeu a\n diversos processos movidos por Marcos Valério, que a acusou de extorsão. Ganhou\n todos. Em 2006, Karina foi candidata à deputada federal em São Paulo pelo PMDB.\n Conquistou 2.307 votos, mas não se elegeu.
A desilusão com a política e um novo\n casamento a fez recolher. Hoje, vive com discrição em uma chácara no interior\n de São Paulo. Estuda biologia por conta própria e virou dona de casa. Apesar\n das dificuldades, vivo feliz. Aqui ninguém me conhece. Estou em paz, cuidando\n da família, diz.
Karina trabalhou na SMPamp;B de maio de 2003 a janeiro de 2004. Na\n entrevista à ISTOÉDinheiro, em 2005, ela disse que o ex-tesoureiro do PT,\n Delúbio Soares, ajudava a transferir dinheiro da empresa de Valério para\n políticos beneficiários do mensalão.
Segundo Karina, Valério tinha um\n departamento financeiro para cuidar especialmente disso. Em depoimento à CPI\n dos Correios, ela afirmou que Valério fazia saques vultosos antes de viagens, e\n que esses saques chegavam a R$ 1 milhão.
Karina também mostrou como os\n integrantes do esquema faziam saques milionários na boca do caixa do Banco\n Rural. Antes do depoimento, a ex-secretária entregou aos integrantes da CPI\n cópia da agenda em que fazia anotações desse período. A agenda apontava\n contatos do publicitário com diversos políticos. Apesar dos momentos de tensão\n que viveu logo após a eclosão do escândalo, e dos sobressaltos por que passou\n desde então, Karina garante que denunciaria tudo novamente. Fiz tudo por\n patriotismo, diz ela.\n \n \n \n \n
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