\n \n A\n Lei Maria da Penha, que entrou em vigor em 2006 para combater a violência\n contra a mulher, não teve impacto no número de mortes por esse tipo de\n agressão, segundo o estudo “Violência contra a mulher: feminicídios no Brasil”,\n divulgado nesta quarta-feira (24) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada\n (Ipea).\n \n O\n Ipea apresentou uma nova estimativa sobre mortes de mulheres em razão de\n violência doméstica com base em dados do Sistema de Informações sobre\n Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde.\n \n As\n taxas de mortalidade foram 5,28 por 100 mil mulheres no período 2001 a 2006 (antes da lei) e\n de 5,22 em 2007 a\n 2011 (depois da lei), diz o estudo.\n \n Conforme\n o Ipea, houve apenas um “sutil decréscimo da taxa no ano 2007, imediatamente\n após a vigência da lei”, mas depois a taxa voltou a crescer.\n \n O\n instituto estima que teriam ocorrido no país 5,82 óbitos para cada 100 mil\n mulheres entre 2009 e 2011. "Em média ocorrem 5.664 mortes de mulheres por\n causas violentas a cada ano, 472\n a cada mês, 15,52 a cada dia, ou uma a cada hora e meia”,\n diz o estudo.\n \n O\n feminicídio é o homicídio da mulher por um conflito de gênero, ou seja, por ser\n mulher. Os crimes são geralmente praticados por homens, principalmente\n parceiros ou ex-parceiros, em situações de abuso familiar, ameaças ou\n intimidação, violência sexual, “ou situações nas quais a mulher tem menos poder\n ou menos recursos do que o homem”.\n \n Perfil das vítimas
\n Segundo o estudo do Ipea, mulheres jovens foram as principais vítimas --31% na\n faixa etária de 20 a\n 29 anos e 23% de 30 a\n 39 anos.\n \n Mais\n da metade dos óbitos (54%) foi de mulheres de 20 a 39 anos, e a maioria\n (31%) ocorreu em via pública, contra 29% em domicílio e 25% em hospital ou\n outro estabelecimento de saúde.\n \n A\n maior parte das vítimas era negra (61%), principalmente nas regiões Nordeste\n (87% das mortes de mulheres), Norte (83%) e Centro-Oeste (68%). A maioria\n também tinha baixa escolaridade (48% das com 15 ou mais anos de idade tinham\n até 8 anos de estudo).\n \n As\n regiões Nordeste, Centro-Oeste e Norte concentram esse tipo de morte com taxas\n de, respectivamente, 6,90, 6,86 e 6,42 óbitos por 100 mil mulheres. Nos\n estados, as maiores taxas estão no Espírito Santo (11,24), Bahia (9,08),\n Alagoas (8,84), Roraima (8,51) e Pernambuco (7,81). As taxas mais baixas estão\n no Piauí (2,71), Santa Catarina (3,28) e São Paulo (3,74).\n \n Ao\n todo, 50% dos feminicídios envolveram o uso de armas de fogo e 34%, de\n instrumento perfurante, cortante ou contundente. Enforcamento ou sufocação foi\n registrado em 6% dos óbitos.\n \n Em\n outros 3% das mortes foram registrados maus-tratos, agressão por meio de força\n corporal, força física, violência sexual, negligência, abandono e outras\n síndromes, como abuso sexual, crueldade mental e tortura.\n \n “A\n magnitude dos feminicídios foi elevada em todas as regiões e estados. (...)\n Essa situação é preocupante, uma vez que os feminicídios são eventos\n completamente evitáveis, que abreviam as vidas de muitas mulheres jovens,\n causando perdas inestimáveis, além de consequências potencialmente adversas\n para as crianças, para as famílias e para a sociedade”, conclui o estudo.\n \n \n \n \n