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Brasil
06/02/2018 12:15:00
Lula ironiza Moro por receber auxílio-moradia
Em entrevista, ex-presidente ironizou justificativa do juiz da Lava Jato para receber benefício e 'aconselhou' brasileiros sem reajuste a fazer o mesmo

Veja/PCS

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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), durante a missa de 1 ano de falecimento da ex-primeira-dama Marisa Letícia (Foto: Nelson Almeida/AFP)

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ironizou o juiz Sergio Moro nesta segunda-feira, após a controvérsia pelo magistrado da Operação Lava Jato receber auxílio-moradia mesmo possuindo um apartamento próprio em Curitiba.

“Eu tenho um conselho: o povo brasileiro que não recebe reajuste agora já pode requerer auxílio-moradia, como o Moro fez”, disse, em entrevista à Rádio Jornal, de Recife (PE).

Entre outras críticas ao juiz que o condenou em primeira instância, o petista também ressaltou que Moro recebe “um alto salário, 30.000 reais por mês”. Ao jornal O Globo, o juiz federal utilizou o fato de não obter reajuste desde 2015 como compensação para o benefício mensal de 4.377 reais – que, apesar de discutível moralmente, é autorizado por uma liminar do Supremo Tribunal Federal (STF).

Lula também se disse “pasmo” com a decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), que manteve a sentença do juiz federal e aumentou a pena pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro para o total de doze anos e um mês.

“Eu imaginava que a segunda instância viria para corrigir. Fiquei pasmo que os juízes estavam mais preocupados em livrar a cara da primeira instância”, criticou o ex-presidente, que também chamou os integrantes da força-tarefa da Lava Jato de “bando de messiânicos” que tentam “transformar as mentiras deles em verdade”.

O ex-presidente voltou a articular alguns dos argumentos da sua defesa ao TRF4. Afirmou que o apartamento tríplex no Guarujá “nunca foi dele” e que “não tinha como saber” o que estava acontecendo na Petrobras. “Eles querem que eu saiba o que está acontecendo no Acre, na Bahia, no Sergipe, no Rio de Janeiro…”, disse o petista.

No julgamento em que Lula foi condenado por 3 votos a 0 na segunda instância, os desembargadores João Pedro Gebran, Leandro Paulsen e Victor Laus corroboraram as teses do juiz Sergio Moro, segundo as quais não é preciso que haja a transferência efetiva do imóvel para o nome do ex-presidente para que seja consumado o crime de corrupção.

Da mesma forma, concordaram que Lula agiu para nomear os diretores da Petrobras que atuaram, dentro do âmbito dos fatos investigados pela Lava Jato, para beneficiar as empreiteiras investigadas.

Candidato

Durante a entrevista, o ex-presidente disse acreditar que, “no final”, vai conseguir ser candidato “porque a verdade vai prevalecer”. Ele elogiou a Lei da Ficha Limpa, que proíbe a eleição de condenados em segunda instância, mas disse que não poderia escapar da norma nem “de nenhuma outra” se tivesse cometido crimes, o que considera que não aconteceu.

“Eu só quero que eles digam qual é o crime que o Lula cometeu”, disse. O petista também aproveitou a impopularidade da reforma da Previdência para argumentar que que pode “consertar esse país […] sem jogar a culpa nas leis trabalhistas ou nos aposentados”. Também disse que “as elites” querem um retorno à época em que “os trabalhadores trabalhavam por uma refeição”.

Falando ao público de Pernambuco, Lula fez um aceno ao PSB, partido que se define à esquerda do espectro político, mas que oscila em relação ao ex-presidente. Ele pôs panos quentes nos desentendimentos das eleições de 2014, quando o ex-governador Eduardo Campos (PSB), falecido em agosto daquele ano, rompeu com o governo da então presidente Dilma Rousseff (PT) para disputar o Planalto. “Cada aliança é feita com o cenário de cada tempo. Todo mundo sabe que eu gostava muito do Eduardo Campos assim como todo mundo sabe que ele gostava muito de mim”, afirmou o petista.

O ex-presidente não descartou nem uma reaproximação com o MDB. Questionado sobre as suas conversas com o senador Renan Calheiros (MDB-AL), Lula disse que “tem muita gente no PMDB [sic] que vai propor aliança com o PT”. Ele citou os casos do Piauí e de Minas Gerais. No segundo caso, dois grupos disputam o comando do diretório, dividido em apoiar ou não o a reeleição do governador Fernando Pimentel (PT).

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