Brasil
10/07/2014 06:54:32
Massacre alemão não influenciará eleições, mas agrava pessimismo no Brasil
O governo rapidamente descartou as versões segundo as quais a presidente, que tinha associado sua imagem ao sucesso da Copa e da própria seleção, possa ser associada ao fracasso da equipe, e que essa vinculação prejudique a reeleição
EFE/PCS
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A humilhante goleada que calou o Brasil e tirou as chances do hexacampeonato\n dificilmente terá um efeito direto nas eleições de 5 de outubro no país, mas\n piorará o ânimo dos brasileiros, afetado pela inflação e pelo baixo\n crescimento, afirmaram políticos e analistas à Agência EFE nesta quarta-feira\n (09).\n \n Pouco depois do 7 a 1 com o qual a Alemanha provocou a mais humilhante\n derrota do futebol brasileiro em cem anos da história, os candidatos às\n eleições presidenciais, incluindo a presidente Dilma Rousseff, se apressaram em\n apoiar à seleção e a negar que o resultado frustrante possa ter efeitos\n eleitorais.\n \n O governo rapidamente descartou as versões segundo as quais a presidente,\n que tinha associado sua imagem ao sucesso da Copa e da própria seleção, possa\n ser associada ao fracasso da equipe, e que essa vinculação prejudique a\n reeleição.\n \n "O jogo foi um desastre, como nunca tinha acontecido. Mas ninguém pode\n dizer que o governo é responsável por isso", declarou o ministro das\n Comunicações, Paulo Bernardo, a jornalistas após a partida.\n \n A própria presidente publicou no Twitter que se sentia mais uma mais entre\n os 200 milhões de brasileiros ("Sinto imensamente por todos nós,\n torcedores, e pelos nossos jogadores"), mas destacou o sucesso do Mundial,\n já que a organização dele tinha provocado muitas dúvidas devido ao atraso nas\n obras e aos protestos que ameaçavam paralisá-lo.\n \n O senador Aécio Neves, candidato à presidência pelo PSDB e principal rival\n de Dilma, e Eduardo Campos (PSB), que aparece em terceiro lugar nas pesquisas,\n se limitaram a lamentar a derrota sem nenhuma menção à disputa eleitoral.\n \n Mesmo assim alguns líderes da oposição insistiram em vincular a imagem da\n fracassada seleção com a de Dilma, que lidera as pesquisas com cerca de 40% de\n intenções de voto, contra 20% de Aécio e 9% de Campos.\n \n "Não acho que o resultado tenha consequências políticas. Mas o povo\n poderá abrir os olhos para a realidade do país e ver a inflação alta, o baixo\n crescimento da economia. Estávamos vivendo um sonho e despertaremos em um\n pesadelo", afirmou o senador José Agripino Maia, coordenador de campanha\n de Aécio Neves.\n \n A opinião de Agripino é compartilhada por alguns analistas consultados pela\n Agência Efe, que descartam que a eliminação possa prejudicar Dilma nas\n eleições, mas alegam que o atual ambiente pessimista pode se agravar com a\n imensa frustração dentro do campo.\n \n "Essa derrota e a consequente frustração farão com que a população\n desperte e olhe de frente seus problemas em segurança, saúde,\n economia...", disse o antropólogo Roberto da Matta.\n \n A histórica derrota coincidiu com a divulgação pelo governo de que a\n inflação acumulada nos últimos 12 meses, até junho, ficou em 6,52%, acima da\n meta estabelecida para 2014 (6,5%).\n \n A disparada dos preços dos últimos meses já se refletiu em uma queda do\n consumo e fez o governo decidir elevar as taxas de juros para os maiores níveis\n desde que Dilma assumiu o mandato, em janeiro de 2013.\n \n Com a inflação em alta e o aumento do custo do dinheiro, o consumo, que até\n agora tinha sido o principal motor da economia brasileira, vem perdendo força e\n isso tem se refletido no próprio crescimento.\n \n Os economistas do mercado financeiro reduziram sistematicamente as previsões\n para o crescimento brasileiro desde o começo do ano, estimado agora de apenas\n 1,07%.\n \n Essa projeção permite prever uma desaceleração econômica em 2014 após a\n ligeira recuperação de 2013. Depois de ter registrado um crescimento de 7,5% em\n 2010, em 2011 esse percentual foi de apenas 2,7%, de 1% em 2012 e de 2,3% em\n 2013.\n \n De acordo com os analistas, esse é o panorama que o brasileiro poderá se dar\n conta agora após ter passado um mês anestesiado pela Copa do Mundo.\n \n "O Mundial desviou a concentração dos problemas econômicos e políticos\n do país. O governo ganhou um mês de anistia e se beneficiou de um clima de\n otimismo do qual já não pode mais desfrutar", ponderou Fernando de\n Azevedo, especialista em Ciências Políticas.\n \n Apesar das dúvidas do governo e da oposição, o fato é que as eleições\n presidenciais no país coincidem desde 1994 com a Copa e o desempenho da seleção\n nunca influenciou nas urnas.\n \n Em 1998, quando o Brasil perdeu a final na França para os anfitriões, o presidente\n Fernando Henrique Cardoso foi reeleito no primeiro turno.\n \n Quatro anos depois, apesar da conquista do pentacampeonato, Lula, então na\n oposição, venceu, e foi reeleito em 2006 mesmo com o fracasso da seleção\n brasileira na Alemanha.\n \n nbsp;
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