IstoÉ/PCS
ImprimirAo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ex-executivo da Odebrecht Hilberto Mascarenhas explicou como era a relação com Mônica Moura, esposa e sócia do publicitário João Santana, e a rotina de pagamentos extraoficiais feitos ao casal. Mascarenhas chefiou de 2006 a 2015 o Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, conhecido como “departamento da propina” da empreiteira. No depoimento, ele diz que todo o contato de pagamento ao casal era feito com Mônica Moura, que estaria entre os “top five” – na lista dos cinco maiores recebedores de dinheiro do setor de propinas.
Ele estima que tenham sido pagos em torno de US$ 50 milhões e US$ 60 milhões para Mônica, identificada com o codinome “Feira”. O delator disse que foram feitos pagamentos ao casal por campanhas no Brasil de 2010, 2012 e 2014. “Tinha diretores de obras no exterior, diretores que aprovavam indicações, aditivos, etc, que recebiam fortunas também. Com um detalhe, lá eles recebiam para eles, bolso, e aqui muitas vezes era para eleições, campanhas, etc”, narra Mascarenhas, sobre os outros integrantes do topo do ranking de pagamentos da Odebrecht. Ele detalhou no depoimento que os pagamentos a Mônica Moura saíam da conta corrente vinculada ao “italiano”, apelido que seria para identificar o ex-ministro da Fazenda, Antônio Palocci.
A conta era usada na medida em que o partido dele, o PT, necessitasse, segundo o delator. “Existia uma conta corrente onde foi aberto um crédito de X para o ‘Italiano’ por ele ter apoiado a empresa em determinada coisa. Aquele dinheiro que tinha aberto crédito não ia para ele, ficava para ele usar na medida em que o partido dele, que era o PT, necessitasse. Então pagar ao marqueteiro da campanha de Dilma é uma necessidade do PT. Então ele autorizava: ‘Preciso pagar dez milhões ao dr. João Santana’. João Santana nunca apareceu, sempre quem aparecia era a dra. Mônica Moura, que essa eu botei o codinome”, descreve Mascarenhas.
Ele explicou que pagamentos ao marqueteiro não foram feitos só relacionados a campanhas políticas no Brasil, mas também a serviços no exterior. “Pessoas de países que nós trabalhávamos, como Angola, Panamá, El Salvador, queriam eles na campanha deles. E eles diziam: ‘Só vou se a Odebrecht garantir o pagamento’. Então sobrava para a gente pagar, não é? O responsável pelo país lá, nosso diretor de país, assumia o ônus de pagar a campanha que eles iam fazer para esses países”, descreve o delator.
Segundo ele, os valores eram sempre “bastante grandes” e Mônica Moura exigia que parte fosse paga no Brasil, com a justificativa de que tinha que pagar serviços feitos no País e funcionários. No Brasil, os valores eram pagos em espécie. Normalmente pagamentos a Mônica Moura eram próximos de eleições no Brasil ou no exterior.
O advogado Juliano Campelo Prestes, que representa Mônica e João Santana, disse que só pode se manifestar após ter acesso à integra dos depoimentos.