Sexta-Feira, 22 de Novembro de 2024
Brasil
13/06/2019 16:36:00
Moro perde apoio após The Intercept, mas ainda é o político mais popular

El País/PCS

Imprimir

Governo Bolsonaro mantém avaliação negativa, enquanto apoio à prisão de Lula tem queda, mostra pesquisa inédita do Atlas Político. Mais de 70% dos entrevistados tiveram conhecimento das reportagens com os diálogos do ex-juiz e Dallagnol

Partida entre CSA e Flamengo na noite de quarta-feira (12), no estádio nacional de Brasília, onde Moro foi hostilizado (Foto: Alex Farias)

As revelações do jornal The Intercept Brasil começam a mostrar ao ministro da Justiça, Sergio Moro, o que significou tirar o manto de magistrado e vestir a fantasia de político.

Pesquisa exclusiva da empresa Atlas Político mostra que o ex-juiz da Operação Lava Jato perdeu parte do seu capital popular após as reportagens que apontam sua ligação estreita com o procurador Deltan Dallagnol no processo que condenou mais de 1000 pessoas, entre eles o ex-presidente Lula que cumpre pena há um ano em Curitiba. Em pesquisa da Atlas realizada em maio, Moro tinha uma imagem positiva para 60% dos entrevistados.

Na pesquisa realizada entre os dias 10 e 12 de junho, o ministro havia perdido quase dez pontos percentuais – manteve o mesmo prestígio entre 50,4% dos entrevistados –, mas recebeu avaliação negativa de 38,6%, contra 31,8% no levantamento do mês passado. Apesar do desgaste, Moro ainda é o político mais popular do Brasil, e tem o respeito da maioria dos brasileiros.

O levantamento, feito online com 2.000 pessoas de todo o país (o resultado tem margem de erro de 2% para cima ou para baixo), mostra que 73,4% dos entrevistados tomaram conhecimento das conversas entre Moro e Dallagnol, divulgadas no último domingo, dia 9, pelo jornal The Intercept Brasil. Desses, 58% reconhecem que a prática de um juiz aconselhar e manter conversas privadas com membros da acusação ou defesa de um réu, sem o conhecimento da parte adversa, é incorreta. Somente 23,4% consideram esse comportamento correto. Outros 18,6% não opinaram.

Os diálogos divulgados até aqui pelo jornal, e que não foram desmentidos pelo atual ministro, mostram que Moro mantinha intensas conversas privadas com o coordenador da Lava Jato pelo aplicativo Telegram com orientações, broncas, elogios e até dicas de fontes que a força tarefa deveria ouvir nas investigações que os procuradores conduziram para condenar o ex-presidente Lula. Esse comportamento fere princípios constitucionais e do Código Penal Brasileiro. Vai contra, ainda, uma posição que o próprio Moro sempre adotou. “Eu não tenho estratégia de investigação nenhuma. Quem investiga e quem decide o que vai fazer é o Ministério Público e a Polícia [Federal]. O juiz é reativo, o juiz normalmente deve cultivar virtudes passiva... e até me irrita ver críticas infundadas dizendo que eu sou um juiz investigador”, disse ele em palestra na Associação Nacional dos Auditores Fiscais em Curitiba, há três anos.

COMENTÁRIO(S)
Últimas notícias