G1/PCS
ImprimirO ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta terça-feira (10) que viu uma notícia de que a decisão do presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), de anular a sessão do impeachment foi "regada a muita pinga", o que, para Mendes, "explica um pouco o ato".
Mendes deu a declaração ao chegar, no início da tarde, para julgamentos das turmas do STF. Ele foi questionado por jornalistas sobre a decisão de Maranhão, anunciada nesta segunda.
"É interessante, né (risos)? Hoje eu vi uma notícia no [jornalista] Claudio Humberto dizendo que isso foi regado a muita pinga, vinho. Isso até explica um pouco, né? É, está muito engraçado isso. Estranho, né? Muito estranho", afirmou o ministro.
O G1 entrou em contato com a assessoria de Waldir Maranhão e até a última atualização desta reportagem aguardava uma resposta do deputado sobre a declaração de Mendes.
A decisão de Maranhão causou turbulência política nesta segunda. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ignorou o ato do deputado e manteve a votação que vai decidir sobre abertura do processo de impeachment contra Dilma para esta quarta-feira (11). Calheiros chegou a dizer que Maranhão estava brincando com a democracia. Já na madrugada, o presidente interino da Câmara voltou atrás e revogou a anulação.
Por causa da tentativa de anular o processo de impeachment, líderes partidários decidiram discutir uma maneira de tirar Maranhão da presidência interina, ocupada por ele desde a semana passada, quando o então presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi afastado do cargo pelo STF.
Mandado de segurança da AGU
O ministro Gilmar Mendes também foi questionado por jornalistas sobre um mandado de segurança que a Advocacia-Geral da União levou ao STF para tentar anular o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. A AGU aponta que Cunha aceitou o pedido de impeachment, em dezembro, em retaliação a Dilma e ao PT, por votarem a favor da abertura do processo de cassação do deputado no Conselho de Ética da Câmara.
Um dos jornalistas perguntou a Mendes: "A AGU anunciou que vai entrar no STF com novo recurso pedindo anulação do impeachment. Ainda tem espaço para rediscutir?"
O ministro respondeu: "Ah, eles [o governo] podem ir para o céu, o papa ou o diabo."