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Brasil
10/05/2017 09:36:00
Pouca intervenção de defesa e negativas de posse de tríplex: a estratégia de Lula diante Moro

UOL/PCS

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O depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao juiz federal Sergio Moro nesta quarta-feira (10) deverá ser marcado por poucas intervenções da defesa e pela insistência do petista em dizer que o tríplex do Guarujá, no litoral de São Paulo, nunca lhe pertenceu e ele tampouco conversou com o empreiteiro Léo Pinheiro a respeito de qualquer vantagem indevida relacionada ao imóvel.

Esta é a estratégia de defesa que deve ser adotada pelo ex-presidente, de acordo com que o UOL apurou junto a advogados que atuam no caso. Os advogados de Lula não comentam a estratégia que será usada.

"A defesa deve intervir cirurgicamente, somente quando for realmente necessário. Lula deve falar à vontade. Ninguém é melhor do que ele próprio para contar a verdade factual do caso", disse um advogado atuante em processos da Lava Jato, que conversou com a reportagem sob a condição de sigilo.

Lula procurará demonstrar, de maneira reiterada, em sua narrativa que nunca tomou posse do tríplex. "Ele vai mostrar que nunca deixou uma escova de dente no banheiro do apartamento. Como é pode ser dono oculto se nunca lhe entregaram as chaves?", declarou outro advogado ao UOL, também sob anonimato.

"Ele tem conversado com seus advogados, lendo o processo, identificando as inconsistências da acusação", disse o senador Humberto Costa (PT-PE). Outro petistas, a exemplo do presidente do partido, Rui Falcão, e a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) também confirmaram que Lula estudou o processo nos últimos dias. "Está sereno, se preparando, conversando com os advogados", disse Falcão. Esta linha de defesa segue o que foi dito por Lula em recente entrevista ao jornalista Kennedy Alencar, do SBT. "O que eu posso dizer é que o Ministério Público começou mentindo e continua mentindo a esse respeito", disse Lula, em entrevista ao jornalista.

"Veja, para você provar que eu sou o proprietário de um patrimônio qualquer, você tem que ter um recibo, você tem que ter um registro em cartório, você tem que ter escritura, porque isso não é uma coisa privada. Ou seja, quando você vai registrar um imóvel, você tem que mostrar claramente que tem um documento assinado. Ora, se eu não paguei, se eu não tenho o recibo, se ele não recebeu, se a OAS dá o apartamento como garantia de vários empréstimos que ela faz, o apartamento não pode ser meu. (...) Se eles mentiram e não têm como sair da mentira, é problema deles, não é meu", afirmou Lula.

Entenda o caso

O ex-presidente prestará depoimento a partir das 14h, na condição de réu, em uma ação penal na 13ª Vara Federal de Curitiba, sob a acusação de ter recebido propina da OAS, no âmbito do esquema de corrupção em contratos da Petrobras. Segundo a denúncia, Lula teria recebido da empreiteira um tríplex no Guarujá (SP), além do pagamento do armazenamento de bens recebidos durante sua passagem pela Presidência da República (2003-2010).

O valor total da vantagem indevida seria de R$ 3,7 milhões, como contrapartida por três contratos entre a OAS e a Petrobras, segundo o MPF (Ministério Público Federal).

A OAS assumiu empreendimentos que a Bancoop não concluiu por dificuldades financeiras, entre eles o Solaris. A Bancoop era uma cooperativa habitacional de bancários de São Paulo, fundada na década de 1990 por petistas como Ricardo Berzoini, ex-presidente do partido.

Segundo Pinheiro, o imóvel no Guarujá nunca foi colocado à venda por estar reservado para a família de Lula.

"Nunca [o tríplex] foi colocado à venda pela OAS. Eu tinha a orientação para não colocar à venda, que pertenceria à família do presidente. Em 2009, foi dito pra mim: Essa unidade, não faça nenhuma comercialização sobre ela, ela pertence a família do presidente."

A denúncia do MPF (Ministério Público Federal) acusa Lula de ser o real dono de um apartamento tríplex no edifício Solaris, no Guarujá (SP), construído pela OAS e do qual a empresa é dona no papel.

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