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Brasil
16/07/2016 08:57:00
Professor franco-argelino da UFRJ é deportado

G1/LD

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O professor franco-argelino Adlène Hicheur, que trabalhava como pesquisador do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), foi deportado sumariamente na noite desta sexta-feira. Ele foi detido e levado escoltado pela Polícia Federal até o Aeroporto Internacional Tom Jobim/Galeão, onde embarcou às 22h25 num voo para a França. Hicheur foi condenado em Paris a cinco anos de prisão, em 2009, por ligações com terroristas. Hicheur, que chegou ao Brasil em 2013, tinha vínculo com a UFRJ até este mês. Em nota, a universidade revelou que foi surpreendida pela ação. Nem o Ministério da Justiça, nem a Polícia Federal quiseram comentar o assunto.

No texto, a UFRJ afirmou que o professor visitante Adlène Hicheur era pesquisador do Instituto de Física e estranhou a ação: “Manifestamos extrema preocupação com a ação, anunciada sem apresentação de justificativas claras e atenção a princípios democráticos básicos, como direito à defesa”. Ainda segundo a universidade, “o pedido de renovação de contrato do professor — que vencia este mês — foi analisado pelos vários colegiados da UFRJ e aprovado na universidade”.

A reitoria também informou que o “professor desenvolveu na UFRJ novas linhas de pesquisa, assim como deu continuidade a trabalhos já em andamento quando da sua contratação”. Dentre os trabalhos científicos realizados, segundo a universidade, “podem ser destacados artigos e descobertas importantes para a Física de Partículas”.

A notícia de que o professor franco-argelino estava sendo deportado foi confirmada primeiro pela Associação dos Docentes da universidade, mobilizando até mesmo o reitor da UFRJ, Roberto Leher, que tentou impedir a ação, acionando um grupo de advogados.

Em janeiro deste ano, a revista “Época” revelou que o físico franco-argelino estava sendo monitorado no Rio pela Polícia Federal e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) depois de ter sido condenado por terrorismo na França. Preso em 2009, ele cumpriu a pena e chegou ao Brasil em 2013. Na época, a UFRJ disse que a contratação do professor seguiu os trâmites habituais.

Ainda em janeiro, o Instituto de Física da UFRJ anunciou que havia substituído o professor Adlène Hicheur das salas de aula, mas o manteve como pesquisador na pós-graduação. Na época, disse que a decisão foi tomada “para evitar que influências não acadêmicas interfiram no andamento das aulas”. A decisão de manter o professor exercendo atividades de pesquisa aconteceu no momento em que o governo federal discutia, internamente, sua situação no país. Na época, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, prometeu solução para o caso.

Também em janeiro, Hicheur avisou aos colegas que iria deixar o Brasil, mas, oficialmente, não tinha avisado à reitoria da UFRJ. Ele teria dito a amigos que era uma “questão de honra” viajar por conta própria, antes de ter o visto suspenso.

Diante da repercussão do caso, a UFRJ e a Universidade Federal Fluminense (UFF) defenderam o modelo de isonomia que permite a contratação de professores estrangeiros para ministrarem cursos nas universidades brasileiras. A UFRJ chegou a dizer que não é atribuição da universidade deliberar sobre antecedentes criminais de professores. Segundo a UFRJ, “o ingresso de estrangeiros está condicionado às leis vigentes no país, e a situação do passaporte está subordinada à avaliação do Ministério da Justiça”.

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